O Coletivo Dandara apresenta na Pinacoteca Estadual, uma amostra dos trabalhos dos artistas Alfredo Neves, Aluísio Azevedo Júnior e João Andrade. Com o tema “A degeneração da Arte”, os artistas buscam retratar de forma particular e intuitiva as realidades de um mundo em decomposição. A exposição fica disponível para visitação até o dia 31 de julho.
Na exposição, o visitante terá um encontro com três exposições dos três artistas, e poderá dialogar, de forma sensível, com as questões humanas, as questões sociais, sobretudo, com a arte, elemento transformador do sujeito e do espaço-tempo em que vive.
A curadora Margot Marie, responsável pela organização da exposição, define a característica de cada artista envolvido. A respeito de Alfredo Neves, enfatiza a característica de sua obra que remete a busca pelo autoconhecimento: “Os abstratos de Alfredo Neves representam uma psiquê em busca de autoconhecimento, mas ao mesmo tempo fragmentada em linguagem onírica, tão discutida hoje em dia, linguagem de mistérios e de inquietações, que reforça a insistente investigação do autoconhecimento (Quem sou eu?) ”.
Já na obra de Azevedo Junior, Margot destaca o cunho social: “Azevedo Júnior apresenta uma obra mais engajada, socialmente, com fortes traços de protesto social. Suas telas refletem a degradação urbana, como denúncia, em imagens que transitam do cinético ao imobilismo”, quanto a João Andrade define como um representante de sentimentos: “Com a técnica do alto-relevo, principalmente, da face humana, que nesta proposta evidencia a dor, o ciúme, a raiva, a inveja, ou seja, as muitas sombras e sobras que temos em nós. Algo que, costumeiramente, negamos ou escondemos; o artista dá a cara, expõe a alma”.
Margot define ainda esse encontro dos três artistas como uma desconstrução de ideias: “Neves, Azevedo e Andrade (Coletivo Dandara) alternam, neste encontro, a ideia de contradizer “o bom, o belo e o verdadeiro”, em desconstrução da ideia do harmônico, do perfeito, do puro, enfatizando possibilidades complexas, antagônicas, confusas dos seres e de suas organizações”.
Sobre a temática escolhida para a exposição, a curadora explica sua referência com a Semana de Arte Moderna: “O tema da exposição remete às Vanguardas europeias e à Semana de Arte Moderna de 1922; sendo assim, a degeneração da arte já é algo pintando há mais de um século. A própria ideia do modernismo proposta na Semana de 22 já trazia em si a ideia de desconstrução. Nesse sentido, de desconfiguração, Neves, Aluísio Azevedo Júnior e Andrade não “inventaram a roda”, mas trazem a novidade das suas marcas pessoais, o seu olhar sempre novo e indignação nossa de cada dia que fazem borbulhar a criatividade e vontade de imprimir nas suas telas o que ‘não conseguem traduzir em palavras’”.
PERFIL DOS ARTISTAS
Alfredo Neves é sociólogo, poeta, escritor, artista plástico e fundador e vice-presidente da Academia Macauense de Letras e Artes, Diretor de Cultura do Sindipetro-RN, socioefetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte – IHGRN, Benemérito da Academia Norte-rio-grandense de Letras. Autor de vários livros, dentre eles: Escritos à insônia, A autora perdida, A marcha do homem e 20 sonetos impuros e outros poemas.
Aluísio Azevedo Júnior atua em consultorias e projetos de desenvolvimento; é também editor, livreiro e autor. Escreveu mais de dez livros, obtendo prêmios como o Moacir Cirne (2019), com a obra Raios de sal, e o Ficções Temáticas do Ministério da Cultura (2018), com a obra Anarquia dos cafezais.
Azevedo Júnior iniciou sua carreira artística, em 1987, com participação no II Salão de Artes Plásticas do SESC-Natal. As atividades no campo das artes visuais seguiram de forma concorrente com a Literatura e atuação em consultorias de Marketing e Projetos, por todo o país. Marcou presença internacional, na Bienal de Cerveira, Portugal (2019), colaborando com a intervenção Trapizonga, a convite da artista plástica Zélia Mendonça. Em razão da sua experiência e qualificação técnica, foi selecionado pela Secretaria da Cultura do Estado Ceará, para atuação no cargo de parecerista de Artes Visuais, a partir de 2019. Realizou exposição O Lugar de Tatahari, em 2021, na Livraria Manimbu, afirmando linguagem artística amadurecida, com exuberância de cores e contrastes.
Já o artista plástico e poeta João Andrade nasceu em Natal, é formado em Letras, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e pós-graduado em linguística. João Andrade é autor de cinco livros de poemas, alguns deles premiados em concursos literários e um de contos também premiado, além de participar de dezenas de antologias literárias.
No entanto, é como artista plástico que por ora João Andrade se apresenta. O artista já participou de mostras individuais e coletivas, a saber: Vou-me embora de Passárgada (2013) – mostra individual na Livraria Nobel; Exposição Arte Luz (2014) – Telas impressas e dispostas nas avenidas de Natal no período da Copa do Mundo; Entre a escuridão e a rutilância (2017) – com o artista Alfredo Neves, na Pinacoteca do Estado; no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte – TJRN, no mesmo ano, em exposição solo, apresentou: Vou-me embora de Passárgada II ; em 2021, teve telas selecionadas para o Salão Dorian Gray; em 2020 e 2022, de forma coletiva com Alfredo Neves e Aluísio Azevedo Jr. em mais duas exposições: a primeira, na galeria da Fundação de Cultura de Natal – Funcarte, com: Contra o bom, o belo e o verdadeiro e a segunda, alusiva e comemorativa aos 100 anos da Semana de Arte Moderna, com O encanto sempre novo do feio: de 22 aos dias atuais.
Confira algumas obras;






PINACOTECA
A Pinacoteca fica localizada na praça 7 de Setembro, próximo à Prefeitura de Natal, e funciona de terça a sexta-feira, das 8h às 17h, e no sábado e domingo das 9h às 16h.