Por Alessandra Bernardo
Pré-candidato à Prefeitura de Natal, ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PSD) tem mantido um silêncio ensurdecedor nos últimos dias em relação a temas cruciais das eleições municipais deste ano. Buscando seu quinto mandato à frente do executivo da Capital do RN e envolvido em negociações com o partido União Brasil para um possível apoio eleitoral, o ex-gestor tem se recusado a se manifestar sobre assuntos que lhe geram desconforto.
O primeiro episódio “silencioso” ocorreu em relação à determinação Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE/RN) para que Carlos Eduardo devolvesse mais de R$ 543 mil ao Tesouro Nacional. O montante teria sido utilizado de maneira irregular durante sua campanha ao Senado Federal em 2022, conforme apontou a Justiça Eleitoral.
O TRE emitiu parecer com sete irregularidades na prestação de contas: hospedagem, indícios de omissão de despesas/receitas, despesas com fogos de artifício, gastos com pessoal não comprovados, despesas com marketing não comprovadas, despesas com diárias de veículo/motorista acima da média e gastos com combustível para o suplente.
Questionado pelo Diário do RN na época sobre a condenação à devolução, o ex-prefeito se recusou a responder às perguntas feitas, alegando que não entraria no mérito do assunto.
Em dezembro passado, quebrando temporariamente o silêncio, Carlos Eduardo havia ao Diário do RN que mantinha conversas “promissoras” com o União Brasil e que a perspectiva era compor uma chapa para as eleições de 2024. “A perspectiva é de compormos uma chapa para as eleições de 2024”, garantiu.
No entanto, na semana passada, José Agripino Maia, vice-presidente nacional e presidente estadual do União Brasil, negou um acordo definitivo para apoiar a candidatura do pessedista em Natal.
Questionado sobre a negativa de José Agripino sobre a perspectiva positiva que afirmou em entrevista ao Diário, Carlos Eduardo optou por manter o silêncio constitucional, não retornando as mensagens, mesmo após visualizá-las.
FEDERAÇÃO PP/ UB/REPUBLICANOS
Em outro assunto envolvendo o União Brasil de José Agripino Maia, a possibilidade de Federação entre PP/União Brasil/Republicanos, Carlos Eduardo Alves tem exercido abundantemente o direito ao silêncio.
Desta vez, ele foi questionado como essa formação afetaria sua pré-candidatura, uma vez que a composição envolveria o UB, com quem Carlos busca aliança eleitoral para este ano e o atual prefeito de Natal, Álvaro Dias, presidente do Republicanos no Estado e ex-aliado seu.
Procurado, já que a Federação o atingiria de duas formas distintas: minando um futuro apoio do União Brasil à sua candidatura e o mantendo longe do apoio de Álvaro Dias – que afirmou a possibilidade de vitória de Carlos já no primeiro turno com um apoio seu – ele manteve sua tática principal de convivência com a imprensa potiguar: o silêncio.
ÁLVARO DIAS E JOANNA GUERRA
Já sobre a possibilidade de apoio eleitoral por parte de Álvaro Dias, o ex-prefeito disse preferir não comentar temas sobre seu antigo aliado político, com quem rompeu politicamente em abril de 2022. Por sua vez, Álvaro disse ser “muita possibilidade se eu declarar apoio a Carlos Eduardo, ele vencer a eleição no primeiro turno”.
O último silêncio significativo de Carlos Eduardo Alves foi quando questionado sobre a alegada “superexposição” da secretária municipal de Planejamento, Joanna Guerra, possível candidata de Álvaro.
Há acusações de que a máquina do governo estaria sendo utilizada para favorecer a apadrinhada de Dias. Nas últimas semanas, Joanna tem participado ativamente, inclusive com discursos próprios, das ações administrativas ao lado de Álvaro, seu padrinho político.
Procurado novamente pela reportagem do Diário do RN, Carlos Eduardo justificou sua falta de resposta, mencionando estar em viagem de férias em família. O silêncio do pré-candidato gera especulações e aumenta a incerteza em relação ao cenário político em Natal.