Por Carol ribeiro
O rompimento entre Allyson Bezerra (UB) e Lawrence Amorim (PSDB) já era esperado. A avaliação de analistas políticos de Mossoró sobre o fato novo da pré-campanha no município passa pela segmentação da oposição e oportunidade do prefeito, pré-candidato a reeleição, ter ao seu lado somente nomes de confiança.
O prefeito de Mossoró e o presidente da Câmara Municipal oficializaram rompimento na semana passada, após quase três anos de disputa judicial envolvendo índices do Duodécimo à Casa Legislativa Municipal, repasse devido pelo Poder Executivo aos outros poderes, previsto na Constituição Federal. Após desgaste chegar ao ápice, Lawrence teve pré-candidatura a prefeito lançada pelo PSDB, em Natal, tendo o apoio do presidente do partido, Ezequiel Ferreira, e do deputado estadual e seu tio, Bernardo Amorim (PSDB).
Para o analista político Carlos Santos, a postulação é legítima e não chega a ser surpresa: “Há mais de ano que ele conversava com o petismo e, mais recentemente, também, com Rosalbismo e Bolsonarismo. Ou seja, era de sua vontade ser candidato”.
Compondo a base de Allyson Bezerra por mais de três anos na Câmara Municipal, Lawrence, segundo Carlos, é ligado ao Rosalbismo, e pode representar uma solução para o grupo de Rosalba Ciarlini (PP) e o da governadora Fátima Bezerra (PT), que não têm, atualmente, um contexto favorável para viabilizar candidaturas próprias.
“Como rosalbismo e petismo não têm coragem de ir à disputa, ele pode agregar essas forças em torno de si. O bolsonarismo já tem candidato – Genivan Vale (PL). Na minha ótica, o PL tem uma postulação-estanque, com enorme dificuldade de atrair outras forças e criar capilaridade. O apoio de Rosalba com seu grupo não prosperou. Era dado como certo. Lawrence tem afinidade pessoal, social, política e ideológica com o rosalbismo. Pode representar os interesses desse grupo na sucessão municipal”, explica.
O comentarista ainda ressalta que o rompimento permite uma “depuração” do grupo de Allyson Bezerra: “Quanto ao prefeito Allyson Bezerra, é salutar separar joio do trigo antes da campanha, saber quem é aliado e quem é quinta-coluna. O rompimento começa a permitir essa depuração”.
Já para a jornalista Chris Alves, nos bastidores, há resistência da deputada estadual Isolda Dantas (PT) ao nome de Lawrence Amorim: “Muito embora ela tenha já colocado no Twitter falando sobre a candidatura de Lawrence; fez um elogio, mas internamente a gente soube que no primeiro momento a reação dela não foi das melhores. Pode mudar? Pode haver uma mudança”.
Ela acrescenta que essa mudança parte da abertura de diálogo por parte de Lawrence e a tendência dele em formar aliança pela esquerda.
“Se for para ele fazer um arco de aliança, talvez ele vá mais para a esquerda, até porque o PSDB já é da base aliada da governadora. Pelo perfil de Lawrence, como a gente conhece aqui em Mossoró, ele é de conversar e eu acredito que ele vai tentar o máximo que puder um arco de aliança com o maior número de partidos”, afirma ela, opinando, ainda, que o rompimento entre Lawrence e Allyson representa um desgaste desnecessário a novo candidato.
O cientista político Bruno Barreto destaca que há “mais questões envolvidas” no rompimento: “O rompimento entre Lawrence e Allyson já era esperado nos bastidores. Os dois sempre negaram publicamente, mas o ‘casamento de aparências’ era nítido depois que passaram a travar uma disputa judicial. Mas há mais questões envolvidas, como o descumprimento de acordos”.
O analista acrescenta que a postulação de Lawrence a Prefeitura tende a deixar a disputa mais competitiva do que vinha até agora. Barreto concorda que o pré-candidato do PSDB tem condições de reunir o maior número de partidos em oposição ao prefeito.
“Unir 100% a oposição não é possível numa cidade do porte de Mossoró, mas eu diria que Lawrence tem uma capacidade de unir a maior quantidade de lideranças que qualquer outro da oposição. Diria, a preço de hoje, que ele junta Tony Fernandes, a esquerda e o rosalbismo. Seria algo como juntar 75% da oposição. Acrescento que nada disso significa mudar a tendência de vitória de Allyson, mas abre uma maior competitividade da oposição”.
Sobre a pré-candidatura do outro lado da oposição, à direita, o jornalista ressalta a dificuldade do bolsonarismo em Mossoró: “Até aqui o nome de Genivan tem tido dificuldade para tirar o eleitor bolsonarista da órbita de Allyson. Isso se deve alta aprovação do prefeito e o fato das eleições municipais terem uma dinâmica com menor peso ideológico”.