O ativista brasileiro Thiago Ávila foi colocado em confinamento solitário na prisão de Ayalon, em Israel, após iniciar uma greve de fome e sede em protesto contra sua detenção. A informação foi confirmada pela organização de direitos humanos Adalah, responsável por sua defesa, e pela Flotilha da Liberdade Brasil, entidade que organizou a missão humanitária à Faixa de Gaza.
Segundo comunicado da Flotilha, Thiago foi punido por protestar pacificamente e pode permanecer por sete dias em uma cela escura, pequena, sem ventilação e isolada dos demais ativistas. O Conselho Nacional de Direitos Humanos considera a prisão de Thiago e dos demais participantes da missão como um crime de guerra, uma vez que a embarcação humanitária foi interceptada em águas internacionais.
Pressão e ameaças
“Ele tem sido tratado agressivamente pelas autoridades prisionais, embora não tenha ocorrido violência física até agora”, informou a coalizão internacional de apoio aos ativistas.
A prisão de Thiago ocorre no contexto da tentativa de romper o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza, onde quase 2 milhões de palestinos vivem em situação de emergência humanitária. Além do brasileiro, outros 11 ativistas também foram detidos durante a missão que levava alimentos e remédios ao território palestino.
Deportação indefinida e confusão no processo
Nesta terça-feira (11), a Justiça de Israel determinou a deportação de Thiago Ávila, com prazo até quinta-feira (12). No entanto, até o momento, não há horário definido para o retorno. A situação causa incerteza e angústia à família.
“Há informações conflitantes. Eles estão dizendo que ele partirá no próximo voo e depois marcando uma audiência para julho. Então, estou muito nervosa e não sei bem o que está acontecendo”, relatou Laura Souza, esposa de Thiago, em rede social.
Outros ativistas também sofreram sanções
A eurodeputada Rima Hassan, de origem franco-palestina, também chegou a ser colocada em solitária após escrever “Palestina Livre” na parede da cela. Posteriormente, ela foi transferida de volta para a prisão de Givon, onde estão outros ativistas. Já Thiago permanece isolado.
A Flotilha da Liberdade denuncia que as transferências e o isolamento forçado configuram violação de direitos humanos e tentativas de pressão psicológica e política.
“Esses atos são uma clara tentativa de coação. A punição por protestos pacíficos é uma afronta às normas internacionais de direitos humanos”, destacou a organização.
Negativa em assinar confissão adia libertação
Diferente da ativista sueca Greta Thunberg, que foi deportada rapidamente após assinar um documento imposto por Israel, Thiago se recusou a assinar a confissão que o incriminaria por tentar entrar ilegalmente no país. Segundo os advogados, essa resistência é um ato de princípio, e a Flotilha confirmou que houve consenso no grupo para que alguns assinassem o termo apenas com o objetivo de denunciar as violações após o retorno aos seus países.
O jornalista da Al Jazeera Omar Faiad, já deportado para Paris, relatou que autoridades israelenses ameaçaram Rima Hassan durante sua prisão para forçá-la a assinar a saída.
*Com informações da Agência Brasil