Por Ednilza Ramos
A descoberta de um câncer trouxe para Terezinha Assunção um momento que ela descreve ter sido de superação e milagre. Hoje, aos 67 anos e aposentada, ela é voluntária do grupo Bonitas. “Dez anos atrás, descobri um câncer de pulmão, o médico me deu apenas seis meses de vida, mas nunca acreditei. Na primeira quimioterapia eu tinha pouco tempo para superar, fiz quarenta e oito sessões. No belo mês de outubro, em um dia que eu tinha feito quimioterapia, avistei um grupo fazendo fotografias. ‘Bonitas’: Já gostei do nome, eu me achava bonita e entrei no grupo através dessa exposição fotográfica. Aqui nós esquecemos que temos doença, é uma terapia, e hoje eu só tenho um significado para o grupo: o grupo Bonitas é vida! ”, relatou emocionada ao Diário do RN.
Atualmente, 137 mulheres em tratamento oncológico recebe suporte do grupo que tem como missão promover informação para ampliar as possibilidades de cura com dignidade, respeito e cuidado, estimulando a qualidade de vida, o autocuidado e o bem-estar, através de oficinas, atividades físicas e de lazer. “Elas passam a tarde aqui com a gente fazendo artesanato, em momentos de rodas de conversa. Também temos nutricionista, temos personal, tudo na área de oncologia”, conta a administradora Liliane Pereira.
Para outras mulheres, o principal componente é o acolhimento. Conforme explica Liliane, nesses casos o grupo exerce um outro papel de grande importância. Para quem vive um momento de tanta fragilidade, o espaço é caracterizado como lar terapêutico, acolhedor. “Fazemos elas se sentirem bonitas, trazemos a autoestima para elas. Aqui não se fala em doença, é como se elas se esquecessem que tem algum problema de saúde. Elas ficam aqui para esquecer a realidade lá fora. Aqui é o refúgio! ”, completou Liliane Pereira.
O trabalho é realizado em uma casa alugada, no bairro Tirol, com espaço para oficinas de artes, musicoterapia, atendimento e acompanhamento social, atendimento nutricional, clínico de psicologia, entre outros. Tudo isso é possível através de parcerias com salões de beleza, maquiadoras, psicólogas, fotógrafos, professores e outros. Para manter toda estrutura, além do voluntariado, o grupo é mantido por doações financeiras e de materiais, tendo como principal fonte de renda o bazar solidário. Todo o dinheiro adquirido é revertido para a manutenção, pagamento de aluguel, e outros gastos necessários para manter a organização.
BAZAR BONITAS
Sendo a principal fonte de renda do grupo, o bazar solidário recebe doação de peças que são comercializadas com preço social. Roupas, bolsas, sapatos, bijuterias, brinquedos, utensílios de cozinha, peças de artesanato, almofadas… as doações passam por uma triagem e após esse processo, os produtos passam a ser vendidos no bazar permanente da sede, que funciona na rua Souza Pinto, 1157, de segunda a sexta, das 09h às 17h30min.
A administradora Liliane Pereira reforça a importância da regularidade dessas doações para custear o trabalho social realizado pela a instituição. Recentemente, o grupo passou por um período de dificuldade e foi necessário realizar uma gincana beneficente para arrecadar mantimentos e peças para o bazar.
COMO DOAR
A população pode contribuir com esse trabalho social de algumas formas, doando algum item para o bazar ou comprando no bazar solidário, que é mais do que uma oportunidade de compra, é uma forma de manter viva a esperança de muitas mulheres que estão no processo de tratamento contra o câncer.
Outra forma é através de contribuições financeiras. Para doar, basta acessar o link disponível na descrição do perfil no instagram @grupobonitas. Além disso, pode entrar em contato pelo telefone (84) 99925-7407. Contribuições em pix podem ser realizadas através da chave: 38.112.276/0001-34. E também é possível contribuir patrocinando projetos, serviços e benefícios.
HISTÓRIA
O grupo Bonitas nasceu oito anos atrás, em 2015, quando a fundadora Adilza Holanda precisou acompanhar a prima que estava em tratamento, lutando contra um câncer. Dentro do hospital da Liga, ela verificou a necessidade que algumas mulheres tinham de um suporte durante ou pós-tratamento. Assim, ela idealizou a sede que, inicialmente, funcionava em sua própria casa. Algum tempo depois, passou ao endereço atual.
O nome “Bonitas” veio para reforçar o papel social do grupo, considerando que no tratamento muitas mulheres ficam carecas, se submetem a cirurgias e, em meio a tantos processos desgastantes, algumas delas se sentem insuficientes.