O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) completa neste sábado (4) dois meses em prisão domiciliar.
A medida foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), em 4 de agosto, pelo descumprimento de medidas cautelares estabelecidas no âmbito da investigação que apura a atuação do ex-presidente e do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) contra a soberania nacional.
Com a prisão, Bolsonaro foi restringido de utilizar suas redes sociais e de receber visitas, com exceção dos filhos e advogados, podendo apenas ter contato com pessoas autorizadas pelo Supremo. No dia do decreto, apoiadores do ex-presidente se reuniram em frente ao seu condomínio.
Em meio ao período de restrição, o ex-presidente foi condenado na Primeira Turma do STF à 27 anos e 3 meses de prisão, no âmbito da ação penal que apurou um plano de golpe de Estado em 2022.
O julgamento que durou duas semanas — entre o 1ª e 12 de setembro — condenou Bolsonaro e outros réus por organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e ameaça grave; e deterioração de patrimônio tombado.
Bolsonaro decidiu por não comparecer presencialmente às sessões no Supremo, mas já saiu de casa três vezes desde o decreto.
Dia dos pais
Na mesma semana em que teve a prisão decretada, Bolsonaro passou o dia dos pais, em 9 de agosto, com os sogros, sobrinhos, nora e neta, além de outros parentes que não estavam incluídos em decisão anterior de Moraes.
Segundo decreto do ministro, Bolsonaro tem permissão para receber visitas dos filhos e advogados, sem a necessidade de autorização da Corte.
As visitas ocorreram entre 10h e 18h, seguindo as condições determinadas pelo STF, como a proibição do uso de celulares e de registros em vídeo durante a permanência no local.
Idas ao hospital
Desde a decretação da prisão domiciliar, Jair Bolsonaro já precisou se dirigir ao hospital em três ocasiões.
Em 16 de agosto, o ex-presidente realizou exames médicos para tratamento de “refluxo e soluços refratários”. Em 14 de setembro, removeu lesões de pele que, posteriormente, seriam diagnosticadas como cancerígenas. E em 16 de setembro, foi levado às pressas ao hospital após um quadro de soluço, vômito e pressão baixa.
Visitas
O ex-presidente recebeu mais de 30 visitas nos últimos dois meses. Confira a lista de autorizados por Moraes que estiveram presentes na residência de Bolsonaro:
- O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em 7 de agosto e 29 de setembro
- A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, em 8 e 15 de agosto
- O deputado Geraldo do Amaral (PL-MG), em 11 de agosto
- O deputado Marcelo Pires Moraes (PL-RS), em 12 de agosto
- O empresário Renato de Araújo Corrêa, em 13 de agosto
- O deputado Luciano Zucco (Republicanos-RS), em 14 de agosto
- O deputado Domingos Sávio (PL-MG), em 18 de agosto
- O deputado Joaquim Passarinho (PL-PA), em 19 de agosto
- O deputado Alden José Lázaro da Silva (PL-BA), em 20 de agosto
- A deputada Júlia Zanatta (PL-SC), em 21 de agosto
- O senador Rogério Marinho (PL-RN), em 22 de agosto e 23 de setembro
- O deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), em 25 de agosto
- O vice-prefeito de São Paulo, Ricardo de Mello Araujo (PL), em 26 de agosto
- O deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos-SP), em 27 de agosto
- O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, em 1º e 25 de setembro
- A oficial do 1º Ofício de Notas e Protesto de Brasília-DF, Patrícia Ribeiro de Santana, em 1º de setembro
- A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), em 1º de setembro
- O deputado Arthur Lira (PP-AL), em 1º de setembro
- O senador Carlos Portinho (PL-RJ), em 16 de setembro
- O senador Marcos Rogério (PL-RO), em 17 de setembro
- O deputado Sanderson (PL-RS), em 18 de setembro
- O pecuarista Bruno Scheid, em 19 de setembro
- O ex-ministro Adolfo Sachsida, em 19 de setembro
- O deputado Rodrigo Valadares (União-SE), em 22 de setembro
- O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), em 22 e 24 de setembro
- O senador Wilder Moraes (PL-GO), em 26 de setembro
- A deputada Carol de Toni (PL-SC), em 30 de setembro
- O senador Esperidião Amin (PP-SC), em 1º de outubro
- O senador Marcos Pontes (PL-SP), em 2 de outubro
- O deputado Osmar Terra (PL-RS), em 3 de outubro
Pedido de liberdade
A defesa de Bolsonaro protocolou na última quarta-feira (1º) um novo pedido ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que analise o pedido feito no dia 23 de setembro, que solicita a revisão da prisão domiciliar imposta ao ex-presidente.
O motivo, segundo os advogados, é que a PGR (Procuradoria-Geral da República) não incluiu Bolsonaro na denúncia apresentada ao STF em 22 de setembro por coação devido à atuação nos Estados Unidos.
Também foram incluídas no pedido outras restrições impostas pela Corte contra ele em razão dessa investigação, como: a utilização de tornozeleira eletrônica; proibição de falar com autoridades ou embaixadores estrangeiros e de se aproximar de embaixadas e consulados.
*Com informações da CNN