O Ibovespa perdeu fôlego após superar os 158 mil pontos e manteve sequência de recordes nesta terça-feira (11), enquanto o dólar fechou abaixo de R$ 5,30. Os agentes financeiros repercutiram a bateria de dados no Brasil, com a divulgação de inflação e ata do Copom, e os resultados financeiros por aqui e no exterior.
Fechando na 15ª alta seguida, o principal índice da bolsa brasileira subiu 1,60%, aos 157.748,60 pontos. É a maior sequência desde a série registrada entre maio e junho de 1994, também com 15 altas.
Foi a primeira vez que o Ibovespa bateu 156 mil, 157 mil e 158 mil pontos – marcas alcançadas em poucos minutos após a abertura. No melhor momento do dia, o índice esteve em 158.467,21 pontos.
Já o dólar à vista recuou 0,62%, a R$ 5,2746 ante o real.
Cenário doméstico
O desempenho no mercado brasileiro reflete otimismo dos investidores com uma possível queda de juros no Brasil, após a inflação de outubro desacelerar a 0,09%, abaixo do esperado, e atingir o menor patamar no mês desde 1998. No acumulado de 12 meses até outubro, o IPCA teve alta de 4,68%.
Os números vieram abaixo do estimado por analistas em pesquisa da Reuters de alta de 0,16% em outubro e de 4,75% em 12 meses.
“O resultado de outubro confirma um processo de desinflação mais consistente, com surpresas baixistas concentradas em bens e administrados”, avaliou a economista-chefe do PicPay, Ariane Benedito, citando que a difusão se manteve em 52% e as medidas de núcleo de inflação mostraram novo arrefecimento.
Com a inflação desacelerando em torno do teto da meta (4,5%) perseguida pelo Banco Central, as taxas DIs começaram a recuar com mais afinco, refletindo a expectativa por juros menores no médio e longo prazo.
Antes da divulgação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), às 9h, o Banco Central divulgou a ata do Copom (Comitê de Política Monetária). No documento, o colegiado reitera a Selic em 15% ao ano por “período prolongado”, mas sinaliza um tom mais ameno no aperto monetário.
O comitê do BC reforçou na ata da reunião da semana passada, quando manteve a Selic em 15%, ter maior convicção de que uma manutenção da taxa nesse patamar por período bastante prolongado fará com que cumpra o objetivo de levar a inflação à meta de 3%.
Mas também escreveu no documento que dados de inflação seguem indicando uma dinâmica mais benigna que o esperado, e que passou a ver também alguma melhora na inflação de serviços. E removeu o trecho da ata de setembro que dizia que os núcleos de inflação se mantinham acima do valor compatível com a meta.
Dólar
O dólar norte-americano se desvalorizou em relação a uma série de moedas nesta terça-feira, devido a preocupações com a deterioração do mercado de trabalho nos Estados Unidos, após um relatório mostrar que empregadores privados cortaram vagas de emprego no mês passado.
A ADP Research afirmou na terça que suas estimativas preliminares mostram que os empregadores privados eliminaram uma média de 11.250 empregos por semana nas quatro semanas encerradas em 25 de outubro.
Isso ocorre em um momento em que o governo federal se aproxima da reabertura, o que desencadeará uma enxurrada de dados econômicos que podem apontar para uma desaceleração da economia.
“Quando o governo está fechado, o fluxo de notícias simplesmente desaparece. Com a reabertura do governo, acredito que começaremos a ver mais fragilidades”, disse Marc Chandler, estrategista-chefe de mercado da Bannockburn Global Forex em Nova York.
O Senado dos EUA aprovou na segunda-feira (10) um acordo que encerraria a paralisação governamental mais longa da história dos EUA, pondo fim a um impasse de semanas que interrompeu o fornecimento de benefícios alimentares para milhões de pessoas, deixou centenas de milhares de funcionários federais sem receber salários e causou transtornos no tráfego aéreo.
O projeto de lei segue agora para a Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos, onde o presidente da Câmara, Mike Johnson, afirmou que gostaria de aprová-lo já nesta quarta-feira e enviá-lo ao presidente dos EUA, Donald Trump, para que seja sancionado.
O dólar se recuperou nas últimas semanas, à medida que os investidores precificam menos cortes nas taxas de juros devido a uma perspectiva de crescimento mais positiva para a economia americana.
Muitos membros do Federal Reserve também estão cautelosos quanto a novos cortes nas taxas de juros, preocupados com as perspectivas de inflação.
Mas na terça-feira, o euro voltou a subir acima da linha de tendência de queda em relação ao dólar, que se mantinha desde setembro, observou Chandler. “O sentimento subjacente em relação ao dólar ainda permanece negativo”, disse ele.
O índice do dólar, que mede a moeda em relação a uma cesta de moedas que inclui o iene e o euro, caiu 0,32%, para 99,32, enquanto o euro (EUR) subiu 0,38%, para US$ 1,16.
O euro é sustentado pelas perspectivas para a política do Banco Central Europeu, com a expectativa de que sua taxa básica de juros permaneça inalterada até 2027, enquanto o Fed deve adotar uma política monetária mais flexível.
O mercado está precificando uma probabilidade de 67% de que o Fed reduza as taxas de juros em dezembro.
Os volumes de negociação foram baixos na terça-feira, com o mercado de títulos dos EUA fechado devido ao feriado do Dia dos Veteranos.
*Com informações da CNN

