As decorações natalinas representam um momento de afetividade, um momento de fechamento de ciclo, mas este ano uma árvore que conta a história da cultura potiguar chamou atenção por sua irreverência e autenticidade, em um projeto assinado por Chrystian de Saboya, instalada em um dos principais hotéis, o Serhs Natal, localizado na Via Costeira, em Natal.
Apesar da criação no Rio de Janeiro, o jornalista se diz apaixonado pela cultura nordestina e nessas mais de 1.200 peças quis representar a história, memórias, a trajetória do povo nordestino, em especial do Rio Grande do Norte.

Chrystian contou que conseguiu mapear e contou com a participação de uma equipe para poder montar o planejamento dessa grande obra de arte: “Eu tenho mapeado tudo o que se relaciona a artesanato no RN, todos os polos artesanais já visitei, eu tinha muita vontade de trazer esses artistas paras os meus projetos, para o natal era um desafio maior. Porque não teria uma união ali, uma junção de ideia, não contemplaria algumas coisas, mas em conjunto com 28 artesãos expostos aqui. 1200 peças na árvore e mais 200 espalhadas na decoração do hotel. ”
O desafio de fazer acontecer e o encantamento de ver sua grande arte pronta, é o que move, independente de quantas horas durem o processo, que para esta arvores foram precisas mais de 08 horas: “Adoro brincar de mágico, acho que quando mais novo era o que eu mais gostava. Então ver as pessoas parando, tirando foto não tem preço. O processo de montagem foi iniciado ainda durante a noite, se estendeu pela madrugada e no início da manhã já estava tudo pronto, em média 08 horas de montagem com uma equipe de 06 homens, feita de ferro fundido e revestido de tecido e começamos o trabalho de pendurar cada detalhe”.
Saboya contou que muitas peças chegaram em estado bruto e contou com o apoio do Atelier Blondim, aqui de Natal, para dar cor as peças que compõem a árvore e as peças que estão compondo a decoração do hotel. A exemplo dos jarros que representam 32 igrejas selecionadas em todo RN para serem representadas.
Revelou ainda que as peças são de diversos tipos de materiais: “Temos a cerâmica, o alumínio, latas recicladas, rendas, madeira, garrafa de areia colorida, materiais reciclados. Tem peças de artistas de: Tibau, Grossos, Currais Novos, São José de Mipibu, da Comunidade Quilombola de Campo Redondo. Uma curiosidade é que dentre esses artistas que participaram, tem um que é deficiente visual, outro que tem espectro autista”.
Por fim, define o momento como de muito orgulho e gratidão pela conclusão de um trabalho tão autêntico e podendo dar voz a quem, às vezes, é esquecido: “Um alivio, uma felicidade e um orgulho de trazer essa gente para um lugar que o mundo inteiro desfila aqui e acaba contemplando de uma forma ou de outra a história do artesanato do Rio Grande do Norte. É trazer um povo que as vezes é invisível para este meio, para o universo e são artistas que merecem o total reconhecimento”.
Através de suas redes sociais, o idealizador agradeceu ao hotel pela parceria: “O meu muito obrigado ao Serhs Natal, que acreditou numa ideia inovadora, nunca antes vista no Rio Grande do Norte. Que acreditou no meu trabalho respeitado e aplaudido há mais de 30 anos e que abraçou a cultura de um povo que recebeu de braços e coração abertos, esse que é uma das maiores estrelas do Rio Grande do Norte, o Serhs”.

