O artista potiguar e pesquisador de dança contemporânea Alexandre Américo apresenta neste sábado (18), em Nova Lima-MG, o espetáculo solo “Bípede Sem Pelo”, como parte do Festival Solos Dissidentes.
“Bípede Sem Pelo” começou sua montagem em 2021 e dá continuidade ao trabalho “Cinzas ao Solo”, desenvolvido em 2016, pontuando uma junção de referência sobre passado e futuro, céu e terra, dança e técnica, carne e espírito, arte e política, vida e morte, com inspirações de natureza afrocentrada e de diversos outros lugares.
“Fazem parte do escopo imagético de referências deste trabalho as imagens dos orixás Omolu e Iansã com suas palhas-da-costa e seus ventos, o culto aos Egun-eguns na Bahia, a dança dos orixás, estátuas de bronze encontradas no Egito Antigo, o Manto do Bispo do Rosário, a figura do Cronos devorando o filho, bem como do Atlas suspendendo a Terra, fotografias de pessoas em transe feitas por Pierre Verger e sonoridades advindas do Oriente”, explica Alexandre Américo.
A peça marca o projeto poético e de movimento desenhado por Alexandre desde 2012, quando iniciou sua pesquisa na área, por conviver com epilepsia mioclônica juvenil, uma síndrome epiléptica generalizada caracterizada por abalos involuntários nos membros, especialmente nos braços e nas mãos, e TDAH. Assim, sua pesquisa de movimento surge a partir de uma possível impossibilidade à dança.
Sobre o festival
O Festival Solos Dissidentes começa nesta quarta-feira (15), com diversas apresentações em espaços culturais, rodada de negócios e residência artística, todos com preços acessíveis e gratuidade para diversos públicos.
O Solos Dissidentes, que conta com apoio da Prefeitura de Belo Horizonte, está em sua primeira edição e é dedicado à celebração e difusão de performances solo criadas por artistas mulheres, LGBTQIAPN+, negros, indígenas, pessoas com deficiência e obesos.
O potiguar Alexandre Américo viaja para Minas Gerais esta semana, com a sua apresentação marcada para às 21h de sábado, na C.A.S.A. – Centro de Arte Suspensa e Armatrux.
Sinopse
“O Bípede perdeu os pelos, o cérebro, a razão. Ele gira e na gira faz do mundo a carne de seu corpo”. Esta peça torce a ideia do animal humano, o Bípede Sem Pelo, e revela, assim, feito um corpo-que-dança-em-transe-que-dança-corpo, um evento estético que nos põe em continuidade com as coisas mundanas, em giros, saltos cruzamentos e amarrações, devolvendo-nos um saber próprio das manifestações culturais da terra.