JAN FERREIRA: ENTRE O REALISMO E A POÉTICA DO SERTÃO
ORIGENS E IDENTIDADE, DA TERRA PARA A ARTE
Janilson Pereira Ferreira, conhecido como Jan Ferreira, nasceu em 27 de fevereiro de 1994 na cidade de Equador/RN. Filho de Luiz Gonzaga Ferreira e sua mãe Maria de Jesus Pereira Ferreira, ambos agricultores. cresceu em ambiente rural, permeado pela simplicidade do cotidiano e pelos vínculos afetivos com a terra. Desde os 13 anos, desenhava inspirado pelos artistas que via na televisão, nutrindo o sonho de um dia ver suas obras circulando pelo Rio Grande do Norte e por todo o Brasil. Sua frase-lema, “Desistir, não é opção”, traduz a determinação que o acompanha desde a adolescência. Esse espírito perseverante o conduziu aos primeiros exercícios visuais e ao amadurecimento de sua sensibilidade artística.
A FORMAÇÃO DO ARTISTA, DO DESENHO INICIAL AO DOMÍNIO DO REALISMO
Aos 20 anos, Jan passou da observação gráfica para a pintura, iniciando em panos de prato, superfície que lhe permitiu desenvolver atenção ao detalhe, controle do gesto e percepção de cor.
Pouco depois encontrou na acrílica sobre tela os recursos ideais para ampliar seu repertório técnico. O realismo se apresentou como linguagem natural, unindo rigor estrutural e refinamento sensorial. Suas inspirações abrangem pessoas, paisagens rurais, fauna, flora, cultura e religiosidade nordestina. A admiração por Hector Valdez reforçou sua busca por precisão e atmosfera. Além da pintura, Jan atua como cantor e compositor, o que amplia sua expressão artística.
A LINGUAGEM PICTÓRICA, RIGOR TÉCNICO E SENSIBILIDADE POÉTICA
A obra de Jan se estrutura sobre domínio sólido do desenho. Ele organiza massas, compreende linhas arquitetônicas e constrói perspectivas com coerência, seja em cenas amplas, panorâmicas ou próximas ao chão. Sua pintura revela raízes na tradição pictórica regional, porém articulada a percepções contemporâneas de luz e espaço. A paleta equilibra tons terrosos, verdes, azuis e nuances quentes, utilizada tanto para descrever elementos quanto para instaurar estados emotivos. É comum o contraste entre grandes áreas de cor, que funcionam como respiros compositivos, e zonas de detalhamento mais intenso, nas quais a narrativa visual se adensa. Esse contraste aprofunda a cena e conduz o olhar do observador com fluidez.
TEMAS, ATMOSFERAS E SIMBOLISMO, COTIDIANO, MEMÓRIA E PERTENCIMENTO


Jan demonstra forte atenção aos ambientes que carregam histórias e identidades. Suas telas registram o que faz parte da memória coletiva, mas não se limitam ao documental. Sua pintura incorpora dimensão emocional que transforma o espaço representado em símbolo de pertencimento. O gesto pictórico, alternando momento controlado e momento expansivo, acompanha essa intenção expressiva. Há diálogo constante entre o figurativo e o evocativo.
Mesmo quando a cena é concreta, surge atmosfera que sugere narrativas silenciosas e quase literárias. A luz cumpre papel central ao modular a temperatura emocional das composições, revelando nuances que ultrapassam a representação literal.
TRAJETÓRIA, EXPOSIÇÕES E ALCANCE, DO SERIDÓ AO LITORAL POTIGUAR
A carreira de Jan inclui murais públicos realizados em Equador/RN, exposições no Instituto de Educação e Cultura, na mostra “Memórias Culturais – Equador é Assim”, no Festival de Cores e Formas do Interior, no 8º Salão Dorian Gray em Natal, no 8º Salão Doryan Gray em Mossoró, além da exposição “Cores Potiguares, do Seridó ao Litoral”, em parceria com o Sebrae/RN. Seu estilo pode ser compreendido como síntese entre memória e observação, entre rigor e poesia. Jan não apenas descreve lugares: ele os reinventa emocionalmente, oferecendo ao público uma visão ampliada da paisagem afetiva e cultural que o inspira.

