DJALMA PAIXÃO DA SILVA: O ARTISTA QUE PINTA A ALMA DO POVO POTIGUAR
O SERTÃO COLORIDO NA ARTE DE D. PAIXÃO
Há artistas que nascem do estudo. Outros, da urgência de expressar o que o coração não consegue calar. É o caso de Djalma Paixão da Silva, ou simplesmente D. Paixão, cuja arte brota da lembrança viva das feiras, danças e procissões do povo nordestino. Cada tela é um espelho do interior potiguar, um retrato da simplicidade e da beleza que habitam o cotidiano e a fé de sua gente.
Nascido em 03 de abril de 1958, em Natal (RN), Djalma é filho de Estelita Moreira da Silva (in memoriam) e Manoel Barbosa da Silva (também falecido). Herdou deles a determinação, a humildade e o respeito pela cultura popular. Sua origem familiar guarda o mesmo fio de resistência e devoção que atravessa o sertão potiguar, o fio que, nas mãos do artista, se transforma em cor, movimento e poesia.
Autodidata, ator e amante do folclore, Djalma Paixão é um dos nomes mais celebrados da arte naïf no Rio Grande do Norte. Desde os anos 1980, dedica-se à pintura com produção marcada por espontaneidade, cor vibrante e narrativa afetiva. Sua obra é uma homenagem ao povo simples, o trabalhador do campo, a rendeira, o brincante, o devoto e o artista anônimo das feiras e praças do interior.
Ao longo da carreira, participou de mais de trinta exposições individuais e coletivas em instituições como a Capitania das Artes, Pinacoteca do Estado, Solar Bela Vista, Memorial Câmara Cascudo, Teatro Alberto Maranhão, Bardallos Comida e Arte, Aliança Francesa, NAC/UFRN, Sebo da Vera e Galeria B-612. Também integrou todas as edições do Salão Dorian Gray de Arte Potiguar, reafirmando sua constância criativa e compromisso com a cultura.
O PALCO, O CIRCO E O DESPERTAR DAS CORES
Antes de se consagrar nas artes visuais, Djalma foi homem de palco. Atuou em mais de vinte espetáculos teatrais, entre eles As Aventuras de Paulo Malazarte, A Farsa do Poder, A Festa do Rei, Menino em Soni, Mamá do Ó e Feira do Alecrim.
Durante quase quinze anos, integrou o elenco da Fundação José Augusto, sob direção de Racine Santos e gestão do folclorista Deífilo Gurgel. Nessa fase viveu uma das experiências mais marcantes: as viagens com o Circo da Cultura “Tablado Nordestino”, levando arte e teatro a comunidades do interior.
“Comecei a me apaixonar pela cultura popular quando fui ator de um circo da cultura que circulava por todo o interior do estado na década de 80”, relembra o artista. “Além da cultura popular, as paisagens, o canavial, o algodão, tudo me interessava. Eu ficava o dia inteiro com aquelas imagens na cabeça e não me aquietava enquanto não desenhasse.”
Do giz de cera passou à tinta acrílica, técnica que domina até hoje. Mesmo autodidata, reverencia mestres como Newton Navarro e Dorian Gray Caldas, “artistas saudosos e que foram de grande valor para o nosso estado”, afirma.
AS CORES NORDESTINAS RELUZINDO EM SUAS TELAS


Premiado internacionalmente em Guarabira, Djalma Paixão consolidou-se como um dos grandes representantes da arte naïf brasileira. Em 2008, apresentou 23 obras no Solar Bela Vista, todas dedicadas às manifestações culturais do estado, o Boi de Reis, o Pastoril, o Fandango, a Chegança, o Coco de Zambê e o Maneiro Pau.
Suas criações integram acervos da Pinacoteca do RN, instituições museológicas e coleções particulares no Brasil e na Europa. Através de cada tela, Djalma preserva o fio invisível que une a fé, o riso e o trabalho do seu povo à beleza do cotidiano.
É, enfim, um embaixador das cores nordestinas, um artista que, com pincel e alma, transforma o folclore potiguar em eterna celebração da vida.
Fonte de pesquisa: Tribuna do Norte, IFRN e do pesquisador e curador de arte Onofre Neto
 
		
 
									 
					