LEOPOLDO NELSON: UM NOME INESQUECÍVEL DAS ARTES POTIGUARES
RAÍZES E FAMÍLIA
Nascido em 25 de outubro de 1940, em Natal (RN), Leopoldo Nelson, nome artístico de Leopoldo Nelson de Souza Leite, veio ao mundo no seio de uma família tradicional potiguar com fortes vínculos culturais. Era filho de Rômulo Leite e Maria de Souza Leite, ambos descendentes de imigrantes portugueses que ajudaram a formar parte do tecido social e econômico da capital potiguar no século XX. Médico e estudioso da fisiologia cerebral.
Desde cedo, Leopoldo respirou o ambiente familiar de forte ligação com as tradições locais. Sua formação afetiva e cultural teve alicerces sólidos, o que mais tarde se refletiria na força expressiva de sua obra artística.
JUVENTUDE E PRIMEIROS PASSOS NA ARTE
Na Natal dos anos 1950 e 1960, ainda provinciana, mas vibrante de movimentos culturais, Leopoldo começou a demonstrar talento para o desenho e para a pintura. Ao longo dos anos, participou de cursos, oficinas e exposições que revelavam um artista inquieto, inovador e atento ao seu tempo.
Sua pintura transbordava referências ao cotidiano urbano e à cultura popular, traduzindo em traços e cores uma Natal em transformação, marcada por contrastes sociais e pela beleza natural de seus cenários.
MATURIDADE ARTÍSTICA


Ao longo de sua trajetória, Leopoldo consolidou um estilo próprio. Tornou-se um nome conhecido no meio artístico potiguar e passou a integrar importantes exposições, salões e iniciativas culturais da cidade. Suas obras transitavam entre a delicadeza e a crítica social, revelando o olhar sensível e incisivo de um artista atento ao que se passava ao seu redor.
Nos anos de maior produção, manteve relação próxima com outros artistas, escritores e intelectuais que ajudaram a fazer de Natal um polo efervescente de cultura e arte moderna no Nordeste.
VIDA PESSOAL E LEGADO
Leopoldo foi casado com Margarida Bittencourt, com quem construiu uma trajetória familiar marcada por afeto e companheirismo. Juntos tiveram Jovanka, sua filha, a quem dedicava palavras de ternura e orgulho. Apesar de viver intensamente o mundo das artes, manteve sempre os vínculos familiares como eixo central de sua vida.
Faleceu em 4 de março de 1994, aos 53 anos de idade, deixando uma lacuna profunda na cena cultural potiguar. Porém, sua obra permanece viva, seja nas telas preservadas em acervos públicos e particulares, seja na memória afetiva de uma geração que testemunhou sua força criativa.
MEMÓRIA E RECONHECIMENTO
Hoje, o nome de Leopoldo Nelson é lembrado com respeito e carinho por artistas, pesquisadores e amantes da arte no Rio Grande do Norte. Sua contribuição ultrapassou a estética: ele ajudou a formar uma linguagem visual própria da região, dialogando com o mundo, mas sem abrir mão das raízes potiguares. Pintou uma Via Sacra, que segundo o curador de Arte, Onofre Neto, é a sua obra mestra, adquirida pelo Governador Cortez Pereira, que governou o estado de 1971 a 1975, obras doadas à Catedral Metropolitana de Natal. Recentemente foram repassadas para o restauro, aos Amigos da Pinacoteca, onde num total de treze seis foram recuperadas, e se encontravam em estado crítico, sendo o aporte através de emendas dos mandatos do deputado federal Fernando Mineiro e da deputada estadual Divaneide Basílio, para tal serviço de manutenção dessas obras primorosas.
Sua trajetória inspira jovens artistas a valorizarem a identidade local, a experimentarem novas formas e a se reconhecerem como parte de uma história cultural rica e múltipla. Leopoldo foi, e continua sendo, um símbolo da arte natalense, um homem que soube transformar tinta, tela e sensibilidade em memória viva do seu povo

