UMA ARTE SINGELA E PODEROSA
A arte naïf, muitas vezes chamada de “arte ingênua”, surgiu da expressão espontânea de artistas autodidatas que, sem seguir normas acadêmicas rígidas, traduziram em cores e formas a simplicidade e a intensidade do cotidiano. Suas raízes se encontram em diferentes tradições culturais, mas ganharam destaque no Brasil a partir do século XX, quando pintores populares começaram a retratar cenas da vida interiorana, festas, mitos e paisagens tropicais. Essa vertente estética não se limita à ingenuidade: ela carrega força simbólica, crítica social e uma poética singular que, com o tempo, conquistou espaço em salões de arte e pinacotecas nacionais.
O REGIONALISMO EM MOVIMENTO
No Brasil, a arte naïf foi acolhida como expressão legítima da diversidade cultural do país, ampliando a noção de arte e democratizando a criação. Artistas sem formação formal, mas dotados de sensibilidade e imaginação, passaram a ter visibilidade em exposições e coleções. Isso abriu caminhos para que a produção artística regional fosse reconhecida não apenas como expressão local, mas como contribuição fundamental à história da arte brasileira.
SARAH FERNANDES E SUA ESTÉTICA
É nesse contexto que se insere a obra de Sarah Fernandes, artista autodidata que encontrou na pintura um meio de expressão pessoal e coletiva. Nasceu em Natal (RN) em 19 de abril de 1986, filha de Mariza Fernandes de Araújo Lia Fook. Embora tenha formação acadêmica em Filosofia e atualmente se dedique também aos estudos em Psicologia, foi na prática artística, em cursos livres de óleo, aquarela, acrílica, desenho e fotografia, que consolidou sua linguagem própria.
EXPOSIÇÕES E RECONHECIMENTO
Sua trajetória inclui participações em exposições coletivas de relevância, como o VI Salão Dorian Gray de Artes Potiguar e mostras como Cores do RN (2021), Dolores (2014), Homônimos (2016), Folclore do RN (2021) e o Festival Sonora (2016). Em 2014, foi contemplada pelo edital Ruy Pereira para realizar uma intervenção urbana na Cidade Alta e, em 2024, pela Lei Paulo Gustavo, com a exposição coletiva “Amou, sonhou, viveu de fantasias – Diálogos com Lêda Maciel”, realizada na Pinacoteca Potiguar. Também realizou exposições individuais em espaços privados, reafirmando a força de sua produção.
A ARTE NAIF COMO LEGADO


Em suas obras, percebe-se a mesma essência da arte naïf: uma linguagem sensível que dialoga com a realidade ao mesmo tempo em que a reinventa. Sarah constrói imagens que despertam curiosidades, provocam inquietações e trazem ao espectador não apenas contemplação estética, mas também reflexões. Ao ensinar aquarela a alunos particulares e dedicar-se ao seu ateliê, mantém viva a tradição de compartilhar a arte como experiência de vida, reafirmando o papel do artista como elo entre o íntimo e o coletivo.
UMA ARTISTA E SUAS OBRAS PARA A NOSSA RICA ARTE
Assim, a trajetória de Sarah Fernandes se entrelaça com a própria história da arte naïf no Rio Grande do Norte e no Brasil: uma arte que nasce da espontaneidade, da liberdade criativa e da resistência cultural, inserindo-se no tecido plural da arte brasileira como testemunho da força inventiva de seus artistas.