GUARACI GABRIEL: ARTE, MEMÓRIA E RESISTÊNCIA VISUAL
BIOGRAFIA
Guaraci Gabriel Campos, nascido em 16 de julho de 1961, em São Pedro do Potengi, é um nome notável na arte potiguar. Filho de Júlio Gabriel e Iraci de Souza, formou-se em Artes Visuais e construiu, ao longo de décadas, uma trajetória marcada pela originalidade, sensibilidade e força criativa. Seu trabalho combina técnicas tradicionais e contemporâneas, criando obras que abrem espaço para reflexão e interação com o público. Com participações em exposições no Brasil e no exterior, incluindo premiações na Áustria, França e Cuba. Guaraci Gabriel, como é mais conhecido, também tem presença sólida no circuito de arte contemporânea nacional.
SUSTENTABILIDADE COMO NECESSIDADE HUMANA
Nos últimos anos, Guaraci tem se dedicado a projetos voltados à sustentabilidade e à preservação ambiental, que permeiam sua produção artística recente. Um marco dessa vertente foi a criação da escultura “Guerra e Paz” (1998), a maior do mundo feita com material reciclado, pesando 50 toneladas. Esse feito o colocou no Guinness Book como o único potiguar registrado no livro dos recordes. Para ele, a arte é um instrumento transformador, capaz de gerar consciência ambiental e provocar mudanças sociais.
EXPOSIÇÕES IMPORTANTES

A exposição “Primavera Infinita – Amor Diálise Reuso”, realizada na biblioteca da UERN, zona norte de Natal, exemplifica bem essa preocupação. A mostra reuniu esculturas e pinturas com temas que abordam a natureza e a identidade cultural brasileira. Entre as técnicas utilizadas, destaca-se o “estêncil ecológico”, esculturas em ferro inspiradas no grafite. A exposição também apresentou sua primeira obra oficial, um anjo de bronze de 1989, que havia desaparecido e foi reencontrado recentemente. Outro destaque foi a maquete de uma escultura de 35 metros que será instalada em Macaíba.
O título da mostra também dialogava com sua realidade pessoal. Guaraci realizava sessões de hemodiálise, há dois anos antes da mostra. “Muita gente odeia fazer, mas eu não. Até gosto. É quase como ir ao bar”, brinca ele, demonstrando bom humor diante das adversidades.
UM NOME QUE REPRESENTA O ESTADO
Guaraci representou o Rio Grande do Norte na exposição “Fullgás – Artes Visuais e Anos 1980 no Brasil”, no CCBB do Rio de Janeiro, que reuniu 300 obras de mais de 200 artistas. Foi o único potiguar convidado. “Foi um orgulho enorme ter participado dessa exposição. Foi um reconhecimento imenso”, declarou. A mostra aconteceu em janeiro de 2025.
VÁRIAS HOMENAGENS

Em paralelo, o artista desenvolve homenagens marcantes. Entre elas estão “A Formiga”, escultura de 12 metros instalada em Mossoró, dedicada ao empresário Joaquim Patrício; “Quarenta Horas de Angicos”, sobre Paulo Freire, próxima ao Pico do Cabugi; “Resgate”, em tributo a Abraham Palatnik, e uma dedicada aos fotógrafos.
Guaraci também realiza um antigo sonho: erguer uma escultura em Lajes para homenagear Alzira Soriano, primeira prefeita do Brasil e da América Latina, eleita em 1928. “Acho Alzira genial. Admiro demais a vida dela”, afirmou. A obra está sendo construída em Mossoró e deve ser finalizada em breve.
UMA VIDA DE DEDICAÇÃO PLENA E MILITANTE
No aniversário de 60 anos, inaugurou uma galeria a céu aberto com cinco obras, entre elas a Orquídea Cattleya Granulosa, agora também símbolo do RN, sancionado por lei. Com passagem por coletivos como o Oxente e um histórico de militância que o levou à prisão por uma instalação na Rua João Pessoa, Guaraci mantém viva a força da arte como expressão política e poética.
“Minha arte não depende só de mim. Como no cinema, tem soldadores, maquinistas, fotógrafos…”, diz. Um artista completo, visual, político e profundamente humano.