O MODERNISMO NA ARTE DE JOÃO ANDRADE
AS PINTURAS
Ao olharmos para as pinturas, como se fossem vitrais sobre tela, geométricas e abstratas de João Andrade, nos deparamos com modernidade e subversão da ordem existente. Os vitrais não propagam cenas bíblicas, são seres míticos e outros conhecidos rompendo com o tradicional.
Alguns críticos, principalmente os de olhares reduzidos, não conseguem conceber o avanço do tempo, atribuem a artistas como João Andrade a artistas degenerados. Sublimes são as suas artes e recomendo ao leitor uma pesquisa mais apurada sobre a “Arte Degenerada”.
O ESTILO E A TÉCNICA
João Andrade não só faz arte como também se funde na sua própria arte. Para ele, assim como para Adolph Gottlieb (1903-1974), os seus símbolos favoritos são aqueles que ele não compreende, mas nos oferece um mundo de cores jamais imaginadas pelos nossos olhos. Além de ter o seu estilo próprio, o seu verde esmeralda e o azul da Prússia perdidos em meio a beija-flores e borboletas suburbanas, seus pinceis dicotômicos e encorajadores nos adormecem visualmente para aportarmos calmamente numa terra de telas metafísicas e pictóricas, utilizando óleo sobre tela, acrílica, colagem e carrancas que incorporam um tribalismo anímico na prática do fazer.
SOBRE O ARTISTA
João Andrade é poeta, contista, artista plástico e professor. Nasceu em Natal em 1962, é formado em Letras e Filosofia. É pós-graduado em linguística e mestre do ensino, professando as suas ideias na Escola Estadual Professor Luiz Antônio e Escola Estadual Stella Wanderley. Como poeta, ganhou alguns prêmios literários e participou de dezenas de antologia em diversos estados do país, colabora com jornais alternativos e sites literários em outros estados brasileiros e Portugal, assim como tem seus textos traduzidos para o espanhol. Publicou os livros de poemas “Por Sobre As Cabeças” (2005), “Cantigas de Mal Dizer” (2010), “Livro de Palavra” (2013), “Estilhaços’ (2020), “Poemoides” (2023) e o livro de contos ‘Contos de Escuridão e Rutilância” (2017).
EXPOSIÇÕES
Participou de exposições individuais e coletivas, como o projeto Arteluz (2013), Vou-me embora de Pasárgada I e II, Da escuridão à Rutilância (2017), A Degeneração da Arte e O Encanto Sempre Novo do Feio (em comemoração aos 100 anos da Semana de Arte Moderna) com os poetas e artistas plásticos Alfredo Neves e Aluísio Azevedo Júnior e teve obras expostas no VI Salão Dorian Gray de Arte Potiguar, em 2021. E no ano de 2023, foi indicado ao Troféu Cultura, na categoria Artes Visuais.
DESAFIANDO O TRADICIONAL
A sua multifacetada militância vai além das poesias e das artes que conhecemos, e apesar de querermos isolar o poeta do artista plástico, fica difícil, pois homem e poeta se fundem numa ideia só, como descreveu Barnett Newman (1905-1970): “Qual é a explicação do ímpeto aparentemente insano do homem para ser pintor e poeta senão um ato de desafio à queda do homem e uma asserção de que ele voltará ao Adão do Jardim do Éden? Pois os artistas são os primeiros homens.” É isto, os primeiros homens desenharam o destino da humanidade numa tentativa insana de subverterem o belo-certinho para chegarmos aonde chegamos. Foram os primeiros, lá no paraíso terreal, os primeiros a propalarem o livre arbítrio no planeta terra.