CONCEIÇÃO FERNANDES: ENTRE A ARGILA, AS CORES E OS PINCÉIS
DADOS BIOGRÁFICOS
Em meio aos quintais floridos e aos ateliês silenciosos de Natal, uma artista molda o tempo com as mãos. Maria da Conceição Fernandes de Lima é mais do que um nome na arte potiguar, é símbolo de dedicação, sensibilidade e constante reinvenção. Nascida em Mossoró, no dia 16 de maio de 1957, Conceição carrega em sua trajetória a marca da inquietação criativa. Pintora, escultora, artesã e educadora, sua obra se espalha pelo Rio Grande do Norte e alcança outros cantos do Brasil.
Veio para Natal em 1979, e logo mergulhou nos caminhos da arte de forma mais estruturada. Nos anos 1980, ingressou no Curso de Educação Artística da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Foi durante as aulas de cerâmica e modelagem, com a professora Regina Guedes, e escultura, com Socorro Evangelista, que Conceição teve seu primeiro contato com a argila — um material que, como ela mesma costuma dizer, “fala nas mãos da gente”. A partir daí, não parou mais.
TRAJETÓRIA ARTÍSTICA E CONTRIBUIÇÃO CULTURAL
A argila foi só o começo. Conceição Fernandes passou a trabalhar com materiais diversos — pedra-sabão, arenito, pedra grês, resina e mármore sintético —, dominando cada textura com técnica e paixão. Sua versatilidade se tornou uma marca registrada. Ao lado de sua produção artística, construiu uma sólida carreira na educação: é formada também em Arte-Terapia pela Universidade Potiguar (UnP) e possui especialização em Ensino de Artes pela UFRN.
Durante muitos anos, atuou como professora nas redes estadual e municipal de ensino, além de ter ministrado aulas de pintura para a terceira idade na Universidade Aberta da Terceira Idade (UNAT/UNP), onde uniu arte e cuidado com o envelhecimento ativo. Hoje, já aposentada, ela dedica mais tempo ao ateliê — e ao cultivo de plantas, uma de suas paixões silenciosas.
FAMÍLIA, ESTÉTICA ARTÍSTICA E PREMIAÇÕES


Casada desde 1982 com Celso Gregório de Lima, é mãe de dois filhos: Fábio Fernandes de Lima e Fabrício Fernandes de Lima. Mesmo com a rotina familiar, nunca deixou de participar ativamente da cena cultural. Conceição integrou inúmeras exposições, salões de arte, mostras coletivas e individuais, ao lado de artistas como Dorian Gray Caldas, Cristina Jácome, Vatenor, entre outros nomes que ajudaram a formar o panorama estético do estado.
Seu trabalho transita entre a escultura, a pintura e o artesanato, numa constante busca por inovação. “A arte não pode se engaiolar. Ela precisa correr, respirar, se transformar”, afirma Conceição, que continua pesquisando novos materiais e técnicas, recusando-se a se prender a fórmulas prontas. Premiada em várias exposições, principalmente o de honra ao mérito no II Salão de Pintura de Mossoró, Prêmio José Gurgel e tantos outros.
LEGADO CULTURAL COMO FILOSOFIA DA ARTE
Mais do que uma artista plástica, Conceição Fernandes é um exemplo de permanência criativa.
Alguém que transforma o cotidiano em matéria estética, e que, mesmo após décadas de estrada, ainda encontra novas formas de surpreender, e de se encantar com o que o barro, a pedra e o pincel podem revelar.