CARLOS GOMES E A SUA ARTE NAÏF EM PLENA MATURIDADE INTELECTUAL
UM POUCO SOBRE O ARTISTA
Carlos Roberto Gomes de Miranda nasceu em Natal, no dia 12 de setembro de 1939, em plena Avenida Rio Branco, no contexto turbulento da Segunda Guerra Mundial. Filho de José Gomes da Costa, juiz de direito, e de Dona Maria Lígia, dona de casa, viu seus primeiros traços artísticos despontarem em 1949, quando voltou a morar em Natal com a família.
Ainda menino, matriculou-se no Instituto Batista de Natal, onde integrava o coral nas reuniões semanais de artes. Essa experiência o levou ao rádio, a fazer temporadas fora da cidade e até a gravar disco.
Com a responsabilidade de ajudar na administração da casa paterna, acabou se sentindo preparado para o casamento. Em 16 de março de 1963, uniu-se a sua vizinha Therezinha Rosso, na Igreja de Santo Antônio, em Belém do Pará, cidade para onde sua família havia se mudado.
Dessa união nasceram quatro filhos: Rosa Lígia, Thereza Raquel, Carlos Rosso e Rocco José.
Após 71 anos de convivência, Carlos perdeu sua esposa em 31 de março de 2019 — segundo ele, apenas fisicamente, pois sua presença espiritual segue viva, inspirando-o a transformar a saudade em arte, com pinturas, livros e as emocionantes Crônicas “Cartas de Cotovelo”.
ENTRE O DIREITO E A ARTE
Por exigência do pai, Carlos Gomes dedicou-se aos estudos e seguiu a carreira jurídica com sucesso, sem jamais abandonar seu apreço pela arte. Exerceu diversas funções até a aposentadoria, mantendo-se fiel ao seu espírito criativo.
INÍCIO COMO AUTODIDATA E O ACADEMICISMO


O interesse formal pela arte tomou novo impulso em 1955, com a chegada do irmão Moacyr Gomes da Costa, arquiteto formado pela Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Aconselhado por ele, Carlos matriculou-se em um curso de desenho por correspondência do Instituto Monitor, de São Paulo. Utilizando materiais como régua “T”, pincéis e nanquins, passou a estudar e praticar com regularidade. Mesmo com o passar do tempo, nunca abandonou o hábito de desenhar ou pintar, mesmo que esporadicamente.
O INCENTIVO DE IAPERI ARAÚJO
Já com vários quadros acumulados e sem saber o que fazer com tantos, Carlos resolveu pedir a opinião do amigo e artista Iaperi Araújo, que reconheceu a qualidade de suas obras e o incentivou a seguir em frente. A partir daí, suas criações passaram a integrar exposições em espaços importantes como o Instituto Histórico e Geográfico do RN, Palácio da Cultura, Academia Norte-rio-grandense de Letras, Guarabira (PB) e, mais recentemente, no ateliê do artista Francisco Nilson, em Currais Novos. Essa última por estímulo do amigo Manoel Onofre Neto.
Classificado como artista naïf, Carlos publicou o livro Eu, Pintor?, no qual apresenta parte de sua produção artística.
Mesmo expondo publicamente apenas nos últimos anos, a pintura é para ele uma forma de vida — suas obras são feitas por prazer, muitas vezes presenteadas a amigos e, eventualmente, vendidas. A sua maior exposição foi no IHGRN e na Pinacoteca do RN, com a Exposição Era Uma Vez…
ACADEMIA E PUBLICAÇÕES
Carlos Gomes é membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras, ocupando a cadeira n.º 33, cujo patrono é o Maestro Tonheca Dantas. Sua posse ocorreu em 12 de junho de 2015. É também Professor Emérito da UFRN e da UNP, além de autor de diversos livros, entre eles: Traços e Perfis da OAB/RN (2008), O Menino do Poema de Concreto (2014), As Confrarias e o Tempo (2018) e O Circo Vive (2021).
A maturidade de Carlos Gomes é plena de lucidez, sensibilidade e amor à arte — expressa em cores, palavras e memórias.