ERASMO XAVIER, UM ARTISTA CONSTRUTIVISTA
BIOGRAFIA
Erasmo Xavier nasceu em Natal (RN) no dia 30 de outubro de 1904 e faleceu na mesma cidade em 23 de abril de 1930, aos 26 anos, vítima da tuberculose. Filho de Joaquim Geminiano de Paula Filho (1879–1933) e Alice Áurea de Aguiar Xavier (1888–1973), Erasmo cresceu em uma família marcada pela intelectualidade e pela vida pública. Sua mãe, Alice, casou-se, em 1933, com o jornalista e senador Eloy de Souza (1873–1935), que passou a ser uma figura influente em sua trajetória. A vida de Erasmo, ainda que breve, foi intensa, e sua obra permaneceu como um legado significativo para a arte modernista do Brasil. Erasmo Xavier foi um “artista gráfico, modernista, caricaturista, fotógrafo amador, redator de artigos, notívago e boêmio, que só bebia leite”, um retrato multifacetado que reflete sua personalidade vibrante e sua visão artística.
UMA HISTÓRIA REVISITADA
O livro escrito por Rejane Cardoso, (CARDOSO, Rejane. A Arte Modernista de Erasmo Xavier. Natal: Verbo Comunicação e Eventos, 2022), apresenta uma visão abrangente sobre a vida e a obra de seu tio. A obra não só documenta mais de 400 imagens que ilustram sua produção artística, como também oferece uma profunda análise de sua contribuição para a arte brasileira. Considerado um aprimoramento do primeiro trabalho da autora sobre Erasmo, O Elogio do Delírio, este livro é o resultado de mais de 40 anos de pesquisa e revela a importância de um nome muitas vezes esquecido, mas fundamental para a história social, política e artística do Rio Grande do Norte e do Brasil.
PUBLICAÇÕES IMPORTANTES E ILUSTRES AMIGOS
Ao explorar os hábitos artísticos e pessoais de Erasmo, Rejane destaca sua participação em importantes círculos sociais e suas colaborações com publicações renomadas da época, como O Malho (RJ), O Cruzeiro (RJ) e Cigarra de Natal. Durante sua vida, ele foi amigo de figuras influentes, como Lauro Pinto, Dr. Eloy, Cel. Félix Teixeira, Edgar Dantas, o jornalista Manuel Avelino, Djalma Marinho, Ângelo Pessoa, Edgar Barbosa e Câmara Cascudo. Este último, em uma de suas homenagens a Erasmo, descreveu-o de forma eloquente na contracapa do primeiro livro de Rejane: “Pela inspiração modernista, pelo arrojo das cores, pela disposição das massas, pelo inusitado do conjunto, o trabalho era magistral. Ninguém o superou. Mas o desenhista, decorador viveu depressa. A reserva vital esgotava-se como um comburente precioso e rápido…”.
MODERNISMO E CONSTRUTIVISMO
Câmara Cascudo, com sua característica clareza, inicia sua análise de Erasmo destacando sua “inspiração modernista”. Embora essa observação seja pertinente, ao investigar mais profundamente o contexto histórico e artístico da época, podemos perceber que Erasmo não se limitou apenas ao modernismo brasileiro. Seus trabalhos, especialmente no campo gráfico, apresentam uma conexão notável com as vanguardas europeias, particularmente com o construtivismo. Este movimento artístico, que emergiu na Rússia nas décadas de 1920 e 1930, foi fundado por Alexander Rodchenko (1891–1956) e teve uma forte influência na arte de vanguarda mundial.
RODCHENKO E ERASMO XAVIER
Alexander Rodchenko, um dos maiores nomes do construtivismo, foi um artista multifacetado que se destacou como fotógrafo, pintor abstrato, escultor, arquiteto e designer. Ele teve um papel crucial na Revolução Russa e na disseminação da arte bolchevique. Sua obra, marcada pela busca por formas novas e pela funcionalidade, influenciou artistas ao redor do mundo. Ao analisar os trabalhos de Erasmo Xavier, é impossível não perceber as afinidades estéticas e filosóficas com o construtivismo de Rodchenko.
Sua obra, rica em inovações estéticas e conceituais, posiciona Erasmo como um precursor das novas formas de arte que iriam surgir em sua época e influenciar a arte brasileira do século XX.