A ARTE CINÉTICA E CINECROMÁTICA DO NATALENSE ABRAHAM PALATNIK
SOBRE O ARTISTA
Abraham Palatnik foi um artista cinético, cinecromático, desenhista e pintor. Nasceu em Natal em 28 de fevereiro de 1928. O seu pai Tuvya Palatnik e a mãe Olga Palatnik são da Staraya Ushitsa, na Ucrânia. Em maio de 2020, interna-se em estado grave, acometido pela Covid-19 numa clínica do Rio de Janeiro, falecendo no dia 09 do mesmo mês aos 92 anos de idade.
COMUNIDADE JUDAICA
Segundo Fabiana Werneck Barcinski, por várias gerações a família Palatnik viveu em Staraya Ushitsa, trabalhando como caseiros de propriedades pertencentes a príncipes. Em 1911, o governo russo publicou um decreto ordenando que todos os judeus deixassem a região ou fossem deportados para a Sibéria. David Palatnik optou por mudar-se para Zion com toda a sua família.
[…] Os recursos, porém, eram muito escassos, o que obrigou os quatro filhos a emigrar para o Brasil; e ali trabalhar para obter o sustento da família. […] E todos eles fixaram-se em Natal-RN.
Foram os primeiros judeus a viver na cidade. Naquele tempo, Natal era conhecida como a “Jerusalém do Brasil”. Durante a II Grande Guerra Mundial Palatnik instala o seu primeiro ateliê de pintura e escultura e também estuda história, desenho e filosofia. No começo da sua carreira o estilo artístico de Abraham Palatnik era o figurativismo ou arte figurativa.
RETORNO AO BRASIL E PINTURA-TERAPIA
Mudou-se para Tel-Aviv, onde ficou até os anos 40. Retorna ao Brasil em 1948, residindo a partir daí na cidade do Rio de Janeiro.
A vida de Abraham Palatnik muda radicalmente depois de conhecer as pinturas dos pacientes da Dra Nise da Silveira (1905 – 1999), por indicação do artista Almir Mavignier (1925 – 2018). O crítico de arte Mário Pedrosa (1900 – 1981), que já conhecia o trabalho dos pacientes do Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro, e vendo os conflitos de Palatnik, e a partir da sua experiência com os artistas do hospital, incentiva-o a abandonar os pinceis e o figurativismo e a testar outros “aspectos da forma”.
ARTE EM MOVIMENTO
“Sua estreia no circuito de arte não poderia ser mais apropriada: seu primeiro Aparelho Cinecromático é incluído, à revelia, na I Bienal de São Paulo em 1951. A Inclusão só foi feita depois de constatada a ausência da representação do Japão e com a condição explicita de não participar da premiação, já que não se adequava às categorias tradicionais – pintura, desenho, escultura.
Em 1964, como evolução dos cinecromáticos, Palatnik cria os seus Objetos Cinéticos. O Aparelho Cinecromático é construído utilizando madeira, metal, tecido sintético, fios elétricos, cilindros, lâmpadas e motor. Já os Objetos Cinéticos rompem com a estática da arte, parecidos com os cinecromáticos, mas com aspectos tridimensionais com recursos variados como tinta industrial, madeira, metal, motor sobre tela, fórmica, tinta acrílica, à óleo, cabo de velocímetro, circuitos elétricos, etc.
VANGUARDISMO ARTÍSTICO
Natal-RN, portanto, coloca Abraham Palatnik, pelo seu pioneirismo e reconhecimento internacional, na vanguarda da arte cinética.