Por Pedro Lúcio
Oito dias após a agressão que sofreu dentro do condomínio onde mora, na Zona Sul de Natal, a gerente de vendas Flávia Carvalho foi convidada para uma reunião com o comandante do 5º Batalhão de Polícia Militar, em Neópolis, tenente-coronel Harrison Moreira de Oliveira, para prestar apoio à vítima, demonstrar que a instituição está empenhada no caso e para explicar o posicionamento da mesma, além de mostrar as dificuldades e limites da corporação, a fim de evitar que abordagem em situações como essa seja insuficiente como foi.
Segundo o advogado de Flávia, Abaeté Mesquita, foi aberta uma sindicância para apurar a conduta dos PMs que atenderam a ocorrência, mas não lavraram o flagrante, a partir de um ofício, enviado pela 10ª Delegacia ao Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (CIOSP).
Flávia, que não sabe quando vai conseguir voltar a morar no imóvel, relatou à reportagem do Diário do RN que precisou retornar ao apartamento com seu companheiro para pegar roupas para ela e suas filhas e que se sentiu uma contraventora, andando rápido, em silêncio e com medo, entrando na própria casa.
“Não tenho nenhuma condição de voltar para casa neste momento, não me sinto segura”, completou Flávia, que ainda está sendo acolhida na casa de parentes.
Ao lembrar da violência sofrida, ela conta que nunca vai esquecer do ocorrido e que por vezes perde as forças, mas que o acolhimento do companheiro e das filhas tem mantido ela de pé na luta por justiça.
Ainda segundo o relato de Flávia, Regina, que junto com sua filha Suedja agrediu covardemente a gerente de vendas, estava em seu apartamento no condomínio como se nada tivesse acontecido. A administração do empreendimento onde a violência ocorreu, recebeu a solicitação de uma assembleia para tratar da expulsão das agressoras por conduta antissocial, mas ainda não se manifestou a respeito e, até o fechamento desta reportagem, não respondeu da equipe do Diário do RN. A defesa do condomínio também não se manifestou quando procurada.
REPERCUSSÃO
Nas redes sociais e nas rodas de conversa pela capital, há um amplo sentimento de revolta com a brutalidade do ocorrido, e de solidariedade com a dor de Flávia. Ela tem recebido mensagens de apoio e relatos de outras pessoas que se viram na mesma situação, mas que não encontraram os meios de se fazerem ouvidos por uma sociedade onde o racismo é estrutural e as maiores vítimas disso estão nas periferias.
Em solidariedade a Flávia, nesta sexta-feira (16), às 17h, será realizado ato de protesto em frente ao condomínio Quatro Estações, em Candelária.