A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (ALRN) promoveu, nesta segunda-feira (30), o 1º Encontro Junho Verde – um marco institucional voltado à reflexão, formação e compromisso com práticas sustentáveis no serviço público. Realizado no auditório Cortez Pereira, o evento reuniu servidores, especialistas e gestores para debater ações legislativas e apresentar o Plano de Logística Sustentável (PLS) da Casa, que será executado até 2027.
A abertura foi conduzida pelo diretor administrativo da ALRN, Pedro Cascudo, coordenador do grupo de trabalho responsável pelo PLS. Ele destacou o contraste entre o acúmulo de processos físicos ao longo das décadas e a recente digitalização dos trâmites administrativos. “Estamos vivendo um momento muito importante. Questionar o uso de recursos como energia, papel, combustível e tempo não é mais uma escolha, é uma exigência da sociedade e do planeta”, afirmou.
Para Cascudo, o Junho Verde vai além da sensibilização: “É um convite à ação. Uma prova de que o parlamento pode liderar pelo exemplo. Que possamos plantar ideias e regá-las juntos”. Ele também ressaltou o apoio do presidente da Casa, Ezequiel Ferreira (PSDB), como essencial nas transformações ambientais da instituição. O PLS, segundo ele, está pronto para ser implementado nos próximos dias, resultado de um esforço coletivo entre diversos setores.
A palestra de abertura foi ministrada pelo analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Diego Fernandes. Ele provocou reflexões sobre o papel do poder público diante da crise climática: “É possível crescer economicamente sem destruir recursos naturais? A resposta está na sustentabilidade, que não é uma opção, mas um princípio constitucional”, disse, citando o artigo 225 da Constituição Federal.
Fernandes destacou o papel das casas legislativas como agentes de transformação e reforçou a importância da educação ambiental como pilar para formar cidadãos críticos. “Não basta legislar. É preciso comunicar, engajar e transformar”, afirmou. Ele alertou ainda sobre a emergência climática, mencionando os desastres no Rio Grande do Sul e o risco de colapso ambiental a partir de 2030 caso as metas da Agenda 2030 não sejam cumpridas.
Na sequência, a professora Marjorie Medeiros, coordenadora do Programa de Educação Ambiental da UFRN, emocionou o público com um apelo direto: “Não temos mais amanhã. É hoje”. Ela apresentou o Plano Diretor de Logística Sustentável da UFRN (2024-2027), trazendo exemplos concretos e inspiradores adotados pela universidade. Com uma abordagem crítica e sensível, alertou sobre o racismo ambiental e os impactos desiguais da crise climática sobre populações vulneráveis.
“O meio ambiente não está lá fora, está entre nós”, afirmou Marjorie. Para ela, a sustentabilidade deve ser socialmente justa, culturalmente diversa, economicamente viável e ecologicamente correta. Ela encerrou sua fala com uma citação do ambientalista Ailton Krenak: “Andem com cuidado, pisem devagar aqui na terra, como se estivessem voando. Se a terra está bem, seus filhos também estarão.”
A apresentação técnica do PLS da Assembleia ficou por conta da vice-coordenadora do GT de sustentabilidade, Joana D’arc Rodrigues, que detalhou o processo de elaboração participativa e os principais dados do plano. “Foi um processo bonito, mas também um pouco sofrido. Começamos em maio de 2024 com seis pessoas e hoje temos 20 servidores engajados nesse desafio coletivo”, contou.
Entre os diagnósticos destacados estão o consumo elevado de papel — mais de um milhão de folhas por ano, embora já em queda com os processos eletrônicos —, o uso excessivo de copos plásticos (560 mil unidades em 2024) e o desperdício de energia com estações de trabalho ligadas fora do expediente.
O PLS contempla 29 projetos distribuídos em 11 eixos temáticos, com foco nos pilares ambiental, social e de governança. Entre as ações previstas estão: uso racional de recursos, gestão de resíduos sólidos, eficiência energética, contratações sustentáveis, qualidade de vida no trabalho e educação ambiental, em parceria com a Escola da Assembleia.
Durante o evento, foi exibido um vídeo institucional sobre a coleta seletiva da ALRN, iniciada em 2019. A iniciativa já destinou mais de 50 toneladas de materiais recicláveis às cooperativas, beneficiando cerca de 50 famílias. A ação promove economia de recursos públicos e conscientização ambiental na Casa.
O diretor-geral da ALRN, Augusto Viveiros, elogiou as apresentações e destacou o avanço institucional: “Estamos planejando o ideal e executando o possível. Temos muito a melhorar, mas é uma alegria ver a Casa caminhando nesse sentido”, afirmou.
O encerramento contou com a fala do diretor de Políticas Públicas da ALRN, Ricardo Fonseca, que destacou o papel de liderança do Legislativo potiguar: “O projeto Assembleia e Você já é reconhecido nacionalmente por levar saúde, educação e assistência social aos municípios. Agora damos mais um passo, sendo exemplo também em sustentabilidade”, declarou.
A mesa de trabalho também contou com a presença de Dulcinéa Brandão (diretora-geral da presidência), Thyago Cortez (diretor de gestão de pessoas), Luciana Targino (diretora de planejamento estratégico) e Ana Cristina Maia (chefe da divisão acadêmica da Escola da Assembleia Legislativa).
O Encontro Junho Verde reafirma o compromisso da ALRN com políticas públicas sustentáveis e o engajamento contínuo de servidores e gestores com práticas responsáveis. Mais do que uma ação pontual, o evento representa o início de uma nova cultura institucional, pautada na consciência ambiental, na inovação e na construção de um futuro mais equilibrado para o Rio Grande do Norte.