Por Alessandra Bernardo
Ao mesmo tempo em que fez severas críticas à gestão da governadora Fátima Bezerra (PT), o ex-governador e ex-senador José Agripino Maia, vice-presidente nacional e presidente estadual do União Brasil (UB), negou que seu partido tenha fechado acordo em definitivo para apoiar a candidatura de Carlos Eduardo Nunes Alves (PSD) à Prefeitura de Natal nas próximas eleições de outubro. Em entrevista exclusiva ao jornal impresso e portal Diário do RN, ele falou também sobre os planos do partido em candidaturas no pleito de 2026.
Agripino também analisou a gestão do presidente Lula (PT), negando, inclusive, que o seu partido esteja alinhado com o governo petista. Enfatizou o papel do União Brasil na participação das eleições municipais no Rio Grande do Norte para o fortalecimento da legenda e da mudança do comando nacional da sigla. Falou ainda, na condição de vice-presidente nacional do União Brasil, sobre a formação de uma federação entre a sigla, o PP e o Republicanos e condicionou essa composição após a mudança de comando nacional de seu partido.
“Esse é um assunto que, na verdade, está em cogitação. Mas antes dele ser definido, vai ocorrer a troca do comando do partido em fevereiro, com a antecipação de uma convenção que entregará o comando, fundamentalmente, ao grupo do antigo Democratas. Agora, foi feito um rearranjo das forças políticas, que vão dar uma característica mais nítida ao comando de centro ao partido. Depois disso, o União Brasil poderá claramente enfrentar esse problema da Federação”, explicou.
Uma vez que não há ainda certeza da existência dessa modalidade em federar os partidos PP/Republicanos/União Brasil, o ex-senador preferiu não analisar consequências para as eleições de 2024, a partir de Natal. Para Agripino, o fortalecimento de seu partido no RN parte das composições que o UB irá fazer, principalmente nos maiores colégios eleitorais, a partir de Mossoró, onde o atual prefeito Alysson Bezerra, filiado ao partido do vice-presidente nacional, é bem avaliado e vai fortalecido para sua reeleição.
“Se fizermos uma boa aliança em Natal e participarmos da chapa que venha ganhar a eleição em Natal, o UB terá participado das vitórias em Natal e em Mossoró, ao mesmo tempo em que estará atento as composições em Parnamirim, onde tem bons quadros, e em São Gonçalo do Amarante, onde podemos fazer boas alianças. Para não falar dos demais municípios do Estado, se você faz a eleição e é exitoso em Natal, Mossoró, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante, você participou das vitórias dos quatro maiores colégios eleitorais do Estado”.
E continuou: “Então, esse é o plano de fortalecimento do União Brasil? É. Está em nossas conjecturas lutar por isso? Está, sim. Agora não é só isso. Nós temos um mundo de municípios promissores em todas as regiões do estado, estamos atentos a isso, a todas as composições para fazermos uma grande quantidade de prefeitos no pleito desse ano e possamos encabeçar essa relação com os prefeitos, se possível, dos maiores municípios do Estado”.
GOVERNOS FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL
Com o União Brasil à frente de duas pastas no governo Lula – Juscelino Filho (Ministério das Comunicações) e Celso Sabino (Turismo), além de ter patrocinado a indicação de Waldez Góes (Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional) –José Agripino foi solicitado a fazer uma avaliação do governo Lula, como seu aliado, mas foi enfático na resposta.
“O União Brasil não é aliado do governo Lula. A bancada do partido na Câmara e no Senado não integra a base de apoio ao governo. Lula convocou filiados ao UB para serem ministros. Então, o União Brasil apoia algumas iniciativas parlamentares, alguns projetos de lei do governo de Lula, sim, por conveniência de interesses brasileiros, interesse nacional. Agora, não tem nenhum alinhamento automático e nem faz parte da base de apoio, portanto, não pode ser considerado um aliado do governo. É aliado dos interesses do Brasil, aí sim, não abre mão quando os interesses”, afirmou.
Ao fazer uma avaliação do governo Fátima Bezerra (PT), ele foi taxativo ao dizer que, “tem muito a desejar. Ela está enfrentando grandes dificuldades por não ter tomado providências enérgicas no começo do primeiro governo. Ela agora é prisioneira de uma folha de pagamento, como mesma diz, que está acima das possibilidades financeiras do RN. Com isso, tem ficado imobilizada no campo da atuação, na educação, na saúde, na infraestrutura do RN. Não soube tomar providências do começo do primeiro governo e está amargando dificuldades ao longo desta segunda gestão”.
Agripino disse lamentar pelo “insucesso de Fátima, pois o insucesso dela é o insucesso do Rio Grande do Norte, que não pode continuar distante da Paraíba, Alagoas e Piauí, como se encontra, quando já foi ponteiro na frente destes estados. Mas o RN, na verdade, vai mal sob a atual administração”.
Sobre a atuação do prefeito Álvaro Dias (Republicanos), Agripino fez rasgados elogios ao atual gestor, embora tenha ressaltado que o julgamento popular só virá com a conclusão das obras que estão em curso, a exemplo da engorda da Praia de Ponta Negra e o Hospital Municipal.
“Álvaro Dias é um prefeito muito movimentado, fez a mudança do Plano Diretor, tem uma série de obras em andamento e algumas obras de interesse, tem muita coisa em andamento. É difícil fazer uma avaliação agora. Esta é feita no final da gestão, como foi no final da primeira gestão quando teve um enfrentamento muito bom da pandemia da Covid, com providências tomadas em tempo, que livraram a população de angústias profundas, o que popularizou sua gestão e garantiu sua reeleição. Agora, está num processo em curso de otimização da administração, de obras importantes, mas que ainda não estão encerradas e cujo resultado ainda não foi experimentado pela população”.
SUCESSÃO MUNICIPAL
Indagado se o União Brasil estaria alinhado definitivamente à candidatura de Carlos Eduardo à Prefeitura de Natal na próxima eleição, o senador negou qualquer decisão em definitivo. Mas, assegurou que, “a eleição de prefeito é somente em outubro, como você pode estar definitivamente alinhado com uma candidatura que será posta em avaliação ainda distante?”.
E afirmou: “Conversas estão ocorrendo entre a União Brasil e o pré-candidato Carlos Eduardo, conversas amenas, promissoras, mas não em definitivo, até porque a chapa só vai ser definida bem adiante. Agora que existem conversas entre o União Brasil e o ex-prefeito Carlos Eduardo existem, mas isso é definitivo? Claro que não. Até porque você não pode antecipar um processo que só vai ser deflagrado ao longo do ano que se iniciou agora”.
O União Brasil, que no RN tem o nome do deputado federal Paulinho Freire para uma possível candidatura a prefeito de Natal, deverá ser um dos partidos a receber uma das maiores cotas do Fundo Eleitoral, que neste ano de 2024 será de R$ 4,9 bilhões.
Para 2026, ocasião em que o eleitorado do Rio Grande do Norte irá eleger dois senadores e oito deputados federais, além do governador, o ex-senador José Agripino falou dos planos do União Brasil.
“Como presidente do partido e vice-presidente nacional do União Brasil, vou participar sim, e procurar influir na sucessão governamental e na eleição dos senadores e dos deputados federais. Disso aí eu não abro mão. É a minha luta do dia a dia que eu vou continuar. Não que isso signifique que eu pleiteie a ser candidato a mais nada. Como candidato, não mais”, assegurou José Agripino Maia.