Em entrevista, supervisor da Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) detalha como a análise de perfis no X, Instagram e Facebook pode influenciar a concessão de vistos e a admissão de viajantes no país.
Washington, D.C. – Um post com a bandeira da Palestina, uma crítica pontual ao ex-presidente Donald Trump ou outra manifestação política isolada em suas redes sociais. Nenhuma dessas ações, por si só, seria o bastante para ter a entrada barrada nos Estados Unidos. A garantia foi dada ao UOL por Matthew Armour, supervisor do U.S. Customs and Border Protection (CBP), a agência federal de Alfândega e Controle de Fronteira do governo americano.
Apesar de tranquilizar sobre postagens pontuais, Armour deixou claro que o conteúdo publicado em plataformas como X (antigo Twitter), Facebook, Instagram, TikTok e outras redes sociais é rotineiramente examinado por agentes de imigração. Essa análise, segundo ele, tem um peso real e pode ser um fator decisivo tanto na aprovação de um visto quanto na liberação da entrada de um estrangeiro em território americano.
“Todo mundo deveria estar atento ao que posta nas redes sociais. As redes são nosso modo atual de comunicação, e o que você coloca ali pode ajudar ou atrapalhar sua tentativa de entrar nos EUA”, explicou Armour durante a entrevista em Washington D.C.
O que os agentes procuram?
A verificação das redes sociais não busca opiniões políticas isoladas, mas sim padrões de comportamento e informações que possam indicar um risco à segurança nacional ou inconsistências com o propósito da viagem declarado pelo solicitante. O objetivo dos agentes é identificar “red flags” (sinais de alerta), que podem incluir:
- Ameaças e incitação à violência: Qualquer post que possa ser interpretado como uma ameaça direta ou indireta a pessoas, instituições ou ao próprio país.
- Associação com grupos extremistas: Conteúdo que demonstre simpatia, apoio ou ligação com organizações consideradas terroristas ou extremistas pelos EUA.
- Contradições na solicitação de visto: Informações que contradigam o que foi declarado no formulário de visto. Por exemplo, um viajante com visto de turista que posta sobre planos de procurar emprego no país.
- Indícios de atividades criminosas: Publicações que façam apologia ou mostrem envolvimento com atividades ilegais.
Uma política oficial
A prática de solicitar informações sobre redes sociais tornou-se um requisito formal para a maioria dos solicitantes de visto para os EUA em 2019. Desde então, os formulários de solicitação de visto, como o DS-160, incluem um campo para que o requerente informe os nomes de usuário que utilizou nos últimos cinco anos em diversas plataformas.
A ausência de perfis não é, por si só, um problema, mas mentir ou omitir contas existentes pode ser considerado fraude e levar à negação imediata do visto.
“A transparência é fundamental. O que vemos online nos ajuda a construir um quadro mais completo do solicitante”, reitera Armour. “Uma única postagem geralmente não define a situação, mas o conjunto da sua presença online pode confirmar ou levantar suspeitas sobre suas intenções.”
Portanto, a recomendação do oficial americano é direta: ao se preparar para uma viagem aos Estados Unidos, revise o que você tornou público na internet. O que está em seu perfil pode ser tão importante quanto os documentos que você carrega na mala.
*Com inormações Uol