Os fatos políticos em qualquer parte do mundo onde são praticados sempre surpreendem a uns, decepcionam a outros e deixam também uns poucos sem qualquer reação.
Aqui no Rio Grande do Norte, o atual senador Rogério Marinho, ex-secretário executivo da Previdência Social e ex-Ministro do de Desenvolvimento Regional no governo Bolsonaro, surpreendeu o mundo político ao derrotar o ex-prefeito da Capital, Carlos Eduardo Nunes Alves no pleito em que disputou uma vaga para o Senado Federal. A surpresa ocorreu diante do desenrolar da campanha eleitoral, quando o ex-prefeito de Natal sempre esteve na dianteira na preferência do eleitorado norte-rio-grandense e contava com os apoios da governadora Fátima Bezerra, de todo o Partido dos Trabalhadores e do então candidato à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Diante desses apoios, com Fátima e Lula despontando como preferidos dos eleitores potiguares, Carlos Eduardo surfava na onda do otimismo fato esse que as pesquisas de opinião pública confirmavam.
Enquanto isso, apesar de trazer inúmeros benefícios para os municípios do Rio Grande do Norte através dos recursos dispendidos pelo seu Ministério do Desenvolvimento Regional, o então ex-deputado federal Rogério Marinho sofria com a impopularidade do presidente Jair Messias Bolsonaro, sem falar na sua reconhecida falta de simpatia.
Eis que chega o dia 02 de outubro e o resultado das urnas desmente todas as previsões registradas pelos Institutos de Pesquisas, com Rogério Simonetti Marinho, do Partido Liberal, obtendo 708.351 votos, correspondentes a 41,85% da totalidade dos eleitores que haviam ido às urnas, contra 565.235 votos dados ao ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT) (33,40%) e 385.275 votos recebidos pelo então deputado federal Rafael Motta (PSB), correspondentes a 22,76% dos eleitores que compareceram às urnas naquela dia.
Era Rogério Marinho se elegendo Senador da República, superando suas próprias deficiências, auxiliado pelos prefeitos beneficiados com verbas governamentais e surpreendendo o mundo político do Rio Grande do Norte.
Antes mesmo de tomar posse como representante do Rio Grande do Norte no Senado Federal, o potiguar Rogério Marinho (PL) já tomara uma iniciativa que surpreendeu a todos ao se dispor a enfrentar o favoritismo do senador Rodrigo Pacheco como candidato à presidência da Câmara Alta do país e essa sua ousadia como oposicionista ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva fez com que o presidente da República tivesse que gastar parte de sua “munição” (verbas e indicações para cargos) para derrotar o bolsonarista norte-rio-grandense.
Mas o senador Rogério Marinho cumprira seu papel para se consolidar como líder da oposição.
E, enquanto se fortalecia na esfera federal, Rogério ganhava a condição de vir presidir o seu partido, o PL, no RN, embora que para isso tivesse que defenestrar o deputado federal João Maia do cargo, mesmo que o parlamentar estivesse no PL desde a sua primeira eleição para a Câmara Federal em 2007.
Bem que Rogério tentou evitar um transtorno, mas como todo político ele também sabe o que é perder o comando de uma sigla partidária da envergadura do valorizado Partido Liberal pós eleição presidencial e com direito a parcela substancial do rateio dos R$ 1 bilhão, 185 milhões, 493 mil, 562 reais, estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral – TSE.
João Maia jogou para a plateia, disse que estava tudo bem, mas agora está dando suas cartas ao anunciar que deverá optar por uma nova sigla – lógico, desde que ele a venha comandar no RN – e com ele já se vão dois parlamentares estaduais, Terezinha Maia e Neilton Diógenes, e mais uma dezena de prefeitos.
Além de João Maia, de seus prefeitos e da deputada Terezinha Maia e do deputado Neilton, o Partido Liberal do senador Rogério Marinho deverá perder também o deputado federal Robinson Faria, uma vez que o seu filho, o ex-ministro bolsonarista Fábio Faria articula filiação ao Republicanos.
A consolidar esse quadro, o senador Rogério Marinho que já surpreendeu a muitos nesses últimos meses, poderá ser surpreendido com o esvaziamento do seu Partido Liberal, uma vez que está sem a “chave do cofre” para evitar a debandada e muito menos para conquistar novos potenciais eleitores como Robinson Faria, João Maia, Terezinha Maia e Neilton Diógenes, além de vários prefeitos.