A ARTE DE ALDENOR PRATEIRO
BIOGRAFIA
O professor Márcio de Lima, pesquisador nato, me prestigia com dados importantes sobre Aldenor Prateiro. Aldenor nasceu em Mossoró em 25/06/1947, filho de Genésio Gomes e Concessa Gomes. O artista se considera um autodidata, pois nunca frequentou uma escola com o intuito de uma formação artística, nesse sentindo se referindo aos estudos para a formação no mundo das artes. Teve uma infância típica do interior nordestino, com acesso limitado à tecnologia e frequentando a escola pública entre os 9 e 14 anos, já que naquela época o ensino era restrito a essa faixa etária. Sendo filho de uma família humilde, o seu pai era ferroviário. É o 12º de 14 filhos, teve o privilégio de ingressar na escola mais cedo, ao contrário dos seus irmãos homens que precisaram trabalhar precocemente. Segundo Prateiro o interesse pelos estudos o levou ao Seminário Santa Terezinha, onde cursou todo o ensino médio. Após abandonar a vida eclesiástica, ingressou no curso de Agronomia no final dos anos 1960, dando início a uma trajetória de 40 anos como docente e pesquisador na academia. Dedicou-se aos Estudos Rurais, com foco na composição e dinâmica dos atores rurais.
TRANSIÇÃO PARA A ARTE
Ao se aposentar da vida acadêmica, aos 67 anos (2014), decidiu explorar novas formas de expressão. A partir das habilidades adquiridas na juventude com metais e ferramentas, fez um curso de Joalheria Artesanal em Prata, buscando aprimorar a técnica no manuseio desse metal.
Seu objetivo era criar peças artísticas relacionadas à temática rural.
CRIAÇÕES E INSPIRAÇÃO
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A aceitação de suas criações incentivou-o a aprofundar a sua poética. Inspirando-se na obra de Manoel de Barros, poeta mato-grossense que valorizava as coisas “insignificantes”, o artista se despertou para o resgate introspectivo de memórias da infância e da juventude, permitindo que a sua arte se tornasse um novo meio de expressão. Aldenor Prateiro sempre foi fascinado pelo campo, mas também impactado pelas dificuldades de quem nele vive. A persistência da miséria no meio rural frustrou as expectativas que teve durante anos de pesquisa e militância. Seu novo ofício como artista visual permitiu-o romper com a escrita acadêmica e explorar a denúncia social de forma mais sensorial e visual.
TEMÁTICAS E PRÁTICAS SOCIAIS
Com o tempo, sua produção artística tomou novos rumos, abordando dois grandes eixos: Escravidão/Racismo e Machismo, sob uma perspectiva pós-colonial e decolonial. Essas temáticas emergiram de suas experiências familiares, religiosas e políticas, culminando em uma análise da permanência da escravidão e do racismo como práticas sociais e econômicas contra a população afrodescendente.
VIOLÊNCIA SIMBÓLICA
Além disso, buscou evidenciar o papel central da cultura patriarcal, que disfarça sua violência simbólica e reforça a supremacia branca. Para compreender esses processos, adotou a visão de Franz Fanon, que descreve o colonialismo como a “negação sistemática do outro”, recusando-lhe qualquer atributo de humanidade.
INFLUÊNCIA NEGRA
Sua poética tem forte influência de autores e artistas negros como Abdias Nascimento, Grada Kilomba, Conceição Evaristo, Carolina de Jesus, Jota Mombaça e Pedra Costa, cujos trabalhos ajudaram-no a construir um olhar crítico sobre as estruturas de opressão que perpetuam as desigualdades sociais.
EXPOSIÇÕES COLETIVAS, INDIVIDUAIS E BIENAIS
O artista já participou de diversas exposições individuais, coletivas e bienais, dentre elas “Raios e Ramos” na Biblioteca Mário de Andrade 2025/SP, 3ª Bienal Black, 2024/RJ, XV Bienal Naïfs Brasileira, SESC/2020/SP e mais recente o VIII Salão Dorian Gray de Arte Potiguar, onde foi premiado em 3ª colocação com a tela “UMA MINI BIO”, técnica: matriz de xilogravura com tintas metálicas e letreiro em latão.