A ARTE NAÏF DE IVANISE LIMA
UM POUCO SOBRE O MOVIMENTO NAÏF
Já escrevi em colunas anteriores sobre essa arte. Vale, no entanto, destacar mais um pouco, com algumas novidades. No livro Dicionário da Pintura Moderna (1981, p. 255), Franz Meyer detalha que: “É por igual errôneo considerar esses primitivos como “pintores de domingo”, pelo ofício que inventaram instintivamente, são verdadeiros “profissionais” da pintura.” E continua: “Estes pintores, parece, encontram mui naturalmente lugar na história da pintura moderna: assim o alfandegário Rousseau, humilde criador de obra magnífica em que coincidem milagrosamente a imaginação do homem e a realidade do mundo, aparece como um dos grandes mais velhos que se encontram nas origens da arte moderna; toma lugar não longe de Cézanne, Gauguin e Van Gogh, seus contemporâneos.” Primitivo é o termo atribuído aos artistas pelo fato dos historiadores da Arte os considerarem não acadêmicos, utilizam técnicas que fogem do padrão clássico e tradicional da maneira de pintar, sempre sem a profundidade, ou a tridimensional forma encontrada em diversas pinturas.
A ORIGEM
Como também já abordei, a sua origem é europeia, notadamente na França no século XIX, vanguardistas viam que esses artistas se dedicavam às artes como passatempo. Isto, talvez, tenha contribuído para a cunhagem do termo “ingênuo”. A Obra O Alfandegário, de Henri Rosseau (1844 – 1910), fez com que o termo Naïf fosse utilizado pela primeira vez. Os principais pintores no Brasil são: Emídio de Souza (1868 – 1949), Antônio Poteiro (1925 – 2010), Wilma Ramos (1940 – 2009), Djanira da Mota e Silva (1914 – 1979), mestre Vitalino (1909 – 1963) e tantos outros. No Rio grande do Norte, além de Iaperi Araújo, há ainda pintores Naïfs como podemos destacar: Vantenor de Oliveira, o Macauense Roberto Medeiros, José do Vale, Maria do Santíssimo (1890 – 1974), Iaponi Araújo (1942 – 1996), Gilvan Bezerril (1928 – 2010), Diniz Grilo (1956 – 2008), Nilson (1970 – ), e tantos outros que abraçaram o Naïf.
SOBRE A ARTISTA
Ivanise Lima do Vale, nasceu no ano de 1951, na cidade de São José do Mipibu-RN. Entre os artistas ela é chamada de Dona Ivanise, e as suas telas são assinadas apenas como Ivanise. Segundo Manoel Onofre Neto, curador e estudioso da História da Arte, Ivanise integra uma festejada família potiguar de artistas Naïfs. Com o seu esposo Nivaldo e o filho Divaldo, têm se dedicado a registrar cenas do cotidiano, da cultura e do folclore potiguar, iniciando-se na pintura desde 1985. Ivanise ainda tem obras em coleções públicas e privadas, dentre elas na Pinacoteca do Estado do Rio Grande do Norte.
PRÊMIOS RECEBIDOS
1º Lugar no Concurso Jubileu de Ouro do Salão do Salão de Artes da Marinha do RN – 2005; III Festival Internacional de Arte Naïf em Guarabira-PB, Menção Honrosa – 2021 e muitos outros.
EXPOSIÇÕES IMPORTANTES
I Mostra Coletiva, Arte Ingênua – RN, Natal, 2002; IX Salão de Artes Visuais Projeto Natal Cultural, Fundação Cultural Capitania das Artes – Natal/RN, 2005; V Salão Dorian Gray de Arte Potiguar, 2020, Galeria Boulier, no Memorial da Resistência, Mossoró-RN; Exposição “Era uma vez…”, Pinacoteca Potiguar, 2024, e tantas outras.
Dona Ivanise é considerada umas das maiores artistas Naïf do Brasil, a sua obra não deixa a desejar para outra qualquer que é exposta em diversos países.