A Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte aprovou, nesta quinta-feira (19), o Projeto de Lei que institui a Semana de Conscientização sobre o Transtorno Afetivo Bipolar (TAB). A matéria, de autoria da deputada estadual Cristiane Dantas (SDD), será analisada agora pelos demais parlamentares em plenário.
O TAB se manifesta em homens e mulheres entre 15 e 25 anos, mas pode afetar também as crianças e pessoas mais velhas. Estudos apontam que cerca de 4% da população adulta sofrem com esse transtorno psiquiátrico, que provoca alterações no comportamento e leva uma pessoa a oscilar entre momentos de euforia e depressão repentinamente.
“É preciso destacar que a bipolaridade, vai além de uma mudança brusca de humor, trata-se de um transtorno grave e que, se não houver informações adequadas, tratamento e uma intervenção imediata por meio de um profissional qualificado, a pessoa pode chegar ao extremo de se suicidar. Diante disso as pessoas com bipolaridade e seus familiares precisam conhecer a doença e estar conscientes de que o tratamento à risca é a melhor forma de prevenir a instabilidade emocional e a recorrência das crises, o que assegura a possibilidade de levar vida praticamente normal”, disse Cristiane na justificativa da proposta.
Conheça o TAB
De acordo com o Instituto de Psiquiatria do Paraná, o transtorno afetivo bipolar é um transtorno de humor caracterizado por episódios de depressão e mania que geralmente ocorrem sem que haja um motivo aparente. Essas fases tendem a durar poucas semanas ou até mesmo meses e trazem sofrimento clinicamente significativo ao paciente.
Essa oscilação entre episódios de depressão ou mania é diferente da oscilação de humor natural que pode ocorrer no dia a dia, geralmente causada por situações normais da vida ou até mesmo motivos não aparentes, como alterações hormonais.
No entanto, essas oscilações costumam durar pouco tempo e não trazem prejuízos significativos para a vida da pessoa, diferentemente dos episódios de humor alterado no transtorno bipolar que, em casos graves, pode afetar tanto a vida do indivíduo que ele não consegue trabalhar, estudar, graduar-se, manter relacionamentos estáveis, entre outros.
Apesar de ser um transtorno no qual tipicamente há episódios de mania e de depressão, a chave para o diagnóstico está nos episódios maníacos. Sendo assim, uma pessoa pode receber o diagnóstico de TAB sem ter passado por episódios depressivos, mas jamais pode receber este diagnóstico sem ter passado por episódios de mania ou hipomania.
Geralmente, a idade de início do transtorno bipolar é o final da adolescência ou o início da vida adulta (entre 18 e 25 anos) mas, em alguns casos raros, os sintomas já estão presentes desde a infância.
No CID-10, o TAB é encontrado pelo código F31. Antigamente, o transtorno era conhecido como psicose maníaco-depressiva, mas este termo está em desuso na psiquiatria atual, sendo mais usado por profissionais da psicanálise.
Existem alguns subtipos de transtorno bipolar com características diferentes que podem alterar o tratamento:
- O tipo I é caracterizado pela presença de episódios maníacos e hipomaníacos;
- O tipo II consiste na presença de episódios de hipomania, ou seja, os sintomas maníacos são mais amenos – esse tipo de TAB pode ser mais difícil de diagnosticar justamente por causa disso. Não há episódios de mania no tipo II;
- A ciclotimia é caracterizada por períodos com sintomas de hipomania e de depressão leve que não são intensos nem duradouros o suficiente para o diagnóstico de episódios hipomaníacos ou depressivos;
- Quando os sintomas não são o suficiente para o diagnóstico de transtorno bipolar, pode-se dar o diagnóstico de outro transtorno bipolar e transtorno relacionado especificado ou não especificado.
Causas
Não se sabe exatamente as causas do TAB, mas estima-se uma série de fatores de risco, como:
Fatores genéticos
A presença de histórico familiar de transtorno bipolar é um dos maiores fatores de risco para o surgimento do transtorno em outros indivíduos da família. Quanto maior o grau de parentesco, maiores as chances de desenvolver o transtorno.
Fatores ambientais
O ambiente no qual a pessoa vive, desde fatores mais pessoais, como histórico de vida com abusos, traumas e perdas significativas, a fatores mais abrangentes, como a economia do país onde vive, pode influenciar no surgimento do TAB. O transtorno é mais prevalente, por exemplo, em países onde há renda mais elevada.
Vale lembrar que nem todas as pessoas que possuem o fator genético chegam a desenvolver o transtorno. Por isso, uma das hipóteses é que o transtorno só vai ser desencadeado caso hajam fatores ambientais também.
Sintomas
Os sintomas do transtorno bipolar aparecem nos momentos em que há episódios de mania, hipomania ou depressão. São eles:
Sintomas depressivos
- Humor deprimido na maior parte do dia;
- Falta de interesse ou prazer nas atividades durante a maior parte do dia;
- Redução ou aumento do apetite;
- Perda ou ganho significativo de peso sem fazer dieta;
- Insônia ou hipersonia (dormir demais) quase todas as noites;
- Falta de energia e cansaço;
- Dificuldades para se concentrar, pensar e tomar decisões;
- Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada;
- Pensamentos frequentes sobre morte, incluindo ideação suicida.
Sintomas de mania
- Humor persistentemente elevado, expansivo ou irritável;
- Autoestima inflada ou sentimento de grandiosidade (delírio de grandeza);
- Redução da necessidade de sono;
- Falar mais que o habitual;
- Fuga de ideias;
- Pensamento acelerado;
- Distratibilidade (distrair-se facilmente);
- Agitação psicomotora;
- Aumento de atividades dirigidas a objetivos (projetos, trabalho, estudos etc.);
- Sexualidade mais aflorada;
- Envolvimento excessivo em atividades com altos riscos, como compras desenfreadas, relações sexuais de risco, investimentos financeiros insensatos, entre outros.
Uma pessoa em episódio de mania pode adotar comportamentos que muitas vezes não são aceitos socialmente, devido a possível presença de um delírio de grandeza, no qual pensa que é invencível e pode fazer tudo. Em alguns casos, o indivíduo pode cometer crimes e ter passagens pela polícia.
Sintomas de hipomania
De um modo geral, os sintomas de hipomania são parecidos com os episódios de mania, porém são mais amenos. Eles incluem:
- Humor elevado, expansível ou irritável;
- Menos necessidade de sono;
- Sensação de ter muita energia para gastar;
- Maior produtividade em projetos, trabalho, estudos etc.;
- Distratibilidade;
- Falar mais que o habitual;
- Agitação psicomotora;
- Fuga de ideias;
- Pensamento acelerado.
Apesar da lista ser quase idêntica ao episódio maníaco, na hipomania não há o delírio de grandeza e, portanto, não há uma tendência tão grande de se envolver em atividades de risco. Esses envolvimentos podem acontecer, mas geralmente são menos graves do que nos casos de mania, e as consequências também são menos severas.
Com informações do IPPr