“Nossa missão à frente do Senado é clara: garantir a defesa de um legado econômico e social que fomenta o progresso e a modernização, e que avance na defesa das liberdades de todos os brasileiros”, afirmou o senador eleito Rogério Marinho (PL), ao falar de sua candidatura à Presidência do Senado, nesta terça-feira (24). Em campanha contra o atual presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco (PSD), o potiguar falou ainda que os brasileiros querem um Congresso menos inerte e que enfrente “temas relevantes ao país”.
“A inércia do parlamento, naturalizada ao longo dos últimos anos, favorece a hipertrofia de outros Poderes e ameaça a normalidade democrática brasileira. O Congresso não pode furtar-se de combater o retrocesso e o revanchismo que o atual governo petista tenta impor aos brasileiros.
Como evidenciado pelos resultados das urnas, a população clama por um Senado mais ativo, diligente e atuante, que enfrente e debata abertamente temas relevantes para o nosso país”, disse.
Rogério, que assumirá o cargo no próximo dia 1º de fevereiro, tem participado de diversos programas de entrevistas nacionais e faz sua campanha de forma forte e constante nas redes sociais, assim como seu mentor político, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Nossa candidatura representa a alternativa da independência, a oposição ao desmonte das conquistas dos últimos anos na área econômica, a restauração de um Senado livre e independente. Nossa candidatura une parlamentares de diversos partidos que acreditam na necessidade de preservamos os avanços conquistados a duras penas na economia. Não permitiremos retrocessos”, falou.
No entanto, as eleições para o comando do Senado têm chamado a atenção por um movimento que vem acontecendo após os atos golpistas de 8 de janeiro. De lá para cá, extremistas passaram a criar páginas na internet pedindo que as pessoas pressionem seus senadores a votar em Rogério Marinho para a presidência. De acordo com o jornal O Globo, a estratégia adotada pelos bolsonaristas é similar ao “modus operandi do gabinete do ódio”, termo usado para se referir aos assessores de Jair Bolsonaro, responsáveis pela comunicação nas redes sociais do ex-presidente.
“Os argumentos têm ligação direta com as pautas golpistas. Entre os principais argumentos, está o de que Rogério seria o nome capaz de ‘parar’ o Supremo Tribunal Federal (STF) e acatar os pedidos de impeachment do ministro Alexandre de Morais, que Pacheco não colocou em pauta.
Em paralelo, este vem sendo acusado de ‘omissão’ perante aos temas golpistas e chamado de ‘traidor da pátria’ e ‘canalha’, entre outros xingamentos”, traz o texto, desta terça.
Senadores reclamam de e-mails com ameaças contra votos em Pacheco
A pressão em cima dos senadores tem causado mal-estar em vários parlamentares, que vêm reclamando de estarem recebendo e-mails e telefonemas pressionando-os a votar em Rogério Marinho para a presidência da Casa e cobrando posicionamento contra Rodrigo Pacheco, que tenta a reeleição, conforme o portal Poder360.
De acordo com um dos senadores consultados, os e-mails dizem que o senador em questão não deve apoiar “um inerte e nem trair o povo”. Em outro gabinete, um bolsonarista teria ligado aos berros e “pelo Brasil” para que o parlamentar contatado não votasse em Pacheco. “Está passando de todos os limites”, disse Vanderlan Cardoso (PSD-GO), que apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições.
Conforme os parlamentares ouvidos pelo site, “a enxurrada de mensagens surte efeito contrário ao pretendido e atrapalha Marinho. Alguns dizem que não faz sentido ceder à demanda de pessoas que, há menos de duas semanas, apoiaram os atos de violência no Congresso”. Sobre o fato, Rogério disse, ao Poder360, que o movimento é espontâneo, mas não compactua com agressões.
A reportagem do Diário do RN consultou os senadores potiguares Styvenson Valentim (Podemos) e Zenaide Maia (PSD). Ambos afirmaram receberem centenas de mensagens pedindo votos, mas nenhuma feita de forma ameaçadora ou inconveniente. “São muitos e-mails pedindo votos para ele (Rogério), mas sem ameaça formal”, disse Zenaide.
Styvenson disse que não recebeu nenhuma ameaça até o momento. “Se houver tudo isso, não ajuda em nada, só piora a situação de Marinho. Ainda não defini meu voto. Tem o senador Eduardo Girão, meu amigo do Podemos, que é íntegro, tem personalidade e boas características para assumir o cargo. Não sofri nenhuma ameaça ainda, até seria não inteligente e teria efeito contrário. Talvez eu seja um dos únicos que não sofra ameaça”, afirmou.