VATENOR DE OLIVEIRA E OS CAJUS DO NORDESTE
O caju é um pseudofruto. Daqui os colonizadores o levaram para várias partes do mundo, principalmente para países africanos, Índia e alguns asiáticos. Mas isto não importa, ou talvez sim, se fosse assunto para biólogos e cultivadores desse “fruto falso”. No Rio Grande do Norte, em Pirangi, praia do Litoral Sul e Distrito de Parnamirim, temos o maior cajueiro do mundo, mas isto também é assunto para biólogos, agrônomos e turistas. O que nos interessa, neste escrito, é saber que temos um artista que completa meio século dedicado às artes visuais pintando cajus e encantando a nossa arte natalense e nordestina.
A ARTE
Pode parecer esquisito, mas não é! Tudo normal como os relógios derretidos de Salvador Dalí, ou os cubos aritméticos, geométricos e o papier collé de Pablo Picasso, ou as mulheres modernas de Willem de Kooning, um dos precursores do Expressionismo Abstrato. Surgem, talvez, releituras, exposições com cajus e maturis variados, mas Vatenor é o pai dessas pinturas, os demais são de sua influência, mesmo que nunca o tenham visto, mas o são. Vá lá explicar esse mistério a alguém, mas nenhum de nós pintará tanto esse pedúnculo floral como Vatenor.
VATENOR
Vatenor de Oliveira Silva, nasceu em Natal, em 1953, filho de Epifânio da Silva e Maria de Lourdes de Oliveira Silva. Pai de Gabriel Alves Silva e casado com Ducineide Alves da Silva. Ainda menino viu no bairro de Igapó um ambiente propício para o nascimento das suas obras, tendo o Rio Potengi como inspiração maior. Mas foi em 1974, quando morava no Rio de Janeiro, e abraçado aos movimentos culturais como mola propulsora, o artista inicia a sua técnica e estilo pictórico de pintar. Foi para a cidade carioca como fuzileiro Naval, e vinte e seis anos depois retorna ao Rio Grande do Norte. Desde então não para de pintar maturis e cajus.
O ARTISTA
Residiu um tempo em Nova York, lá pelos anos 80, participando de diversas exposições coletivas e individuais com textos de apresentação de grandes celebridades do metiê artístico. Em 1988 viaja a Paris e na cidade da Torre Eiffel realiza uma exposição na Galeria Debret, ficando hospedado na residência de Sebastião e Leila Salgado. Vatenor foi chefe de Gabinete da Fundação José Augusto, dirigiu a Pinacoteca do Estado por cinco anos, chefiou o núcleo de Artes Plásticas e o Departamento de Artes Plásticas da Capitania das Artes de Natal e fez parte de outros seguimentos artísticos no Estado.
Algumas das suas exposições como: “Vatenor: Luz – Cor – Cajus – 35 Anos Arteiro Sempre, 2009, na Galeria Newton Navarro; “Cajus Para Todo Lado”, na Pinacoteca Potiguar, 2014, com mais de 80 obras e outras em salões diversos foram sucesso de público e crítica. O seu trabalho mais recente é a primorosa edição do catálogo do Acervo de Artes Visuais do RN, em parceria com a professora Isaura Amélia.
Vatenor de Oliveira está inserido num seleto grupo de artistas plásticos potiguares.