A quarta-feira (4) foi marcada pela despedida a uma das maiores cantoras e compositoras do forró do país, a cearense Rita de Cássia, que morreu aos 50 anos, em decorrência de uma fibrose cística, nesta terça-feira (3). Seu sepultamento foi no Cemitério Novo, em Alto Santo, sua cidade natal, localizada a 245 km de Fortaleza (CE).
O velório ocorreu no Ginásio Lafaiete Anselmo, em Alto Santo. Aberto ao público, ele contou com homenagens de fãs e apresentações da Banda Styllus e Sirano (da dupla com Sirino), que tocaram alguns de seus maiores sucessos durante live, no velório.
Considerada uma das maiores compositoras brasileiras, Rita de Cássia foi responsável por mais de 500 composições. Entre elas, estão grandes sucessos do forró, como as canções ‘Meu Vaqueiro, Meu Peão’, ‘Saga de Um Vaqueiro’, ‘Pedaço de Solidão’ e outros. Suas letras foram gravadas por bandas como Mastruz com Leite, Aviões do Forró e Cavalo de Pau.
Muitos fãs têm histórias belíssimas para compartilhar sobre a gentileza e doçura de Rita de Cássia. “Ela era uma artista completa, muito humilde, amava estar perto do seu público. Uma pessoa muito doce, autêntica e que enaltecia o amor e o nordeste em suas canções”, comenta a radialista Mônica Coelli, a Moniquinha da rádio 98FM, de Natal.
Moniquinha conheceu a artista ainda nos anos 90, durante um comício de Wilma de Faria, na Zona Norte de Natal. “Minha mãe me levou. Rita de Cássia e Som do Norte eram as atrações musicais. Eu era fã dela e queria conhecê-la. Fiquei o comício todo na frente do palco só para ver ela cantar. No final, minha mãe me levou atrás do palco, onde ela estava atendendo aos fãs, eu a abracei e tirei uma foto. Pena que minha mãe perdeu, mas ficou na minha memória”, relata a radialista, que depois a entrevistaria para programas de rádio e apresentaria dezenas de shows da ídola.
A partida de Rita de Cássia também foi muito lamentada por artistas e políticos de todo o Brasil, em especial os nordestinos. A ministra da Cultura, a baiana Margareth Menezes disse, em sua conta do Twitter que: “O forró brasileiro está de luto. Rita de Cássia é uma das maiores compositoras do gênero, com mais de 500 músicas escritas durante sua carreira. Sua contribuição expressiva para a cultura do nosso país será sempre lembrada. Meus sentimentos aos fãs, amigos e familiares”.
Outros políticos que comentaram foram o ministro da Educação e ex-governador do Ceará Camilo Santana, o atual governador do Ceará Elmano de Freitas, a deputada federal Natália Bonavides e o vice-governador do RN Walter Alves.
Rita de Cássia, que em 2010, na Festa de São João de Campina Grande (PB), recebeu o título de Maior Compositora de Forró do Brasil, era reconhecida como tal também por seus pares. Ela foi homenageada por grandes nomes da cultura nas redes sociais. A cantora Solange agradeceu as contribuições da cantora ao forró. O poeta Bráulio Bessa, conterrâneo de Rita, escreveu: “Rita de Cássia, maior compositora de forró de todos os tempos, acaba de nos deixar. Rita, minha amiga e conterrânea, colega de sala de minha mãe aqui em Alto Santo. Que tristeza, meus amigos”. Xand Avião, Calcinha Preta, Lucy Alves, Juliette, Beto Barbosa, Mastruz com Leite, Rai Saia Rodada e outros grandes nomes da música prestaram suas homenagens a artista.
Uma das homenagens foi a de Eliane, a Rainha do Forró, que dividiu com seus seguidores uma história com Rita de Cássia. Em 1991, Eliane conta que recebeu Rita, que segundo ela, era uma “mocinha tímida”, em sua casa, em Messejana, bairro de Fortaleza.
No encontro, Rita apresentou ao pai de Eliane algumas das letras que viriam a ser grandes sucessos. “Ela me apresentou ‘Brilho da Lua’, ‘Meu Nego’, ‘Meu Vaqueiro, Meu Peão’ e ‘Sonho Real’. Escolhi ‘Meu Nego e Brilho da Lua’”, completa Eliane.
Do ano de 1991 em diante, a parceria entre as duas seria frutífera. “[..] todo álbum tinha que ter clássicos dessa estrela… que se tornavam carro-chefe dos álbuns. Depois de Brilho da Lua e Meu Nego vieram ‘Canto e Declamo’, ‘Vou te Esperar’, ‘Como Encontrar’, ‘Perdi Meu Paraíso’, ‘Pode Ser Você’”, disse a Rainha do Forró, que está desolada.