O carnaval multicultural de Natal tem espaço para muitos ritmos e embala foliões por todas as partes. Na programação oficial da prefeitura são sete polos (Petrópolis, Centro Histórico, Ponta Negra, Rocas, Ribeira, Redinha, Nazaré), e ainda o Circuito Praias. Além dos artistas que sobem aos palcos, dezenas de blocos invadem as ruas da capital potiguar. O Diário do RN conversou com alguns representantes desses grupos que são nota 10 em criatividade.
Em Ponta Negra, O Suvaco do Careca surgiu em 2011, puxando 300 pessoas. Em 2023, alcançou mais de 12 mil foliões. O nome curioso veio de uma vivência do carnaval carioca. “No Rio de Janeiro, eu e minhas irmãs, a gente ia num bloco que sai ao pé da Serra do Cristo Redentor, o nome dele é Suvaco do Cristo, e aí, já que a gente estava em Ponta Negra, a gente trouxe o ‘suvaco’ desse bloco lá do Rio, e então ficou Suvaco do Careca devido a essa homenagem ao Suvaco do Cristo no Rio de Janeiro e ao Morro do Careca de Ponta Negra”, conta Maurício Cavalcanti, que é coordenador geral do bloco. A concentração do bloco Suvaco do Careca será neste domingo (11), a partir das 15h30, na Praça do Gringos.
Também em Ponta Negra, sempre na tarde de sábado de carnaval, os “Poetas, Carecas, Bruxas e Lobisomens” ganham as ruas desde 2005. “A origem do bloco é a praia de Ponta Negra, o morro do careca, a boemia e a beleza daquela área. Eu passei minha infância toda ali. Meu pai tinha a casa e nós veraneávamos em Ponta Negra. Em 2004, nós começamos a pensar numa brincadeira cultural, uma pegada cultural que envolvesse os elementos principais da praia de Ponta Negra, porque não havia nenhuma manifestação, principalmente no conjunto Ponta Negra”, relembra um dos fundadores, o professor Hugo Manso que também explicou que a brincadeira com o título – com personagens alusivos ao mítico e popular folclore, como o lobisomem – surgiu de uma lenda típica da Vila de Ponta Negra, que as mães diziam que as crianças não deveriam subir ao morro à noite.
A concentração do bloco Poetas, Carecas, Bruxas e Lobisomens será no sábado (10), às 16h, na Praça dos Gringos, em Ponta Negra.
Do outro lado da cidade, na avenida Deodoro da Fonseca, em Petrópolis, um batuque diferente: um bloco composto por maioria feminina, desbravando o repertório de Chico Buarque, é o Full Chico, idealizado pela servidora pública Ilana Félix, fruto de uma devoção que nasceu aos 12 anos por Chico Buarque e muito incentivada por sua mãe, professora de português. Ilana já trabalhou com cultura e produção cultural e a ideia veio ao retornar a Natal, após morar fora do país por um tempo, e se deparar com um cenário novo: “Faz mais ou menos três anos que voltei para morar em Natal e vi que o Carnaval estava muito bacana, muito efervescente, muitos blocos na rua e eu já tinha visto na televisão que existem blocos homenageando Chico Buarque em outras cidades, então eu disse: é agora que eu vou botar aqui em Natal um bloco homenageando Chico. Abri um perfil no Instagram e comecei a juntar mulheres que tivessem interesse em tocar uma banda de percussão que só tocasse Chico Buarque”. Oito meses depois, o Full Chico estreia nesta sexta-feira com concentração em frente ao Bar 294.
Também pelas ruas de Petrópolis, faz sucesso o Submarino Amarelo, com os clássicos dos Beatles, numa pegada contagiante do ritmo carnavalesco. Marcos Sá de Paula, idealizador do Submarino Amarelo, conta que a ideia era criar uma banda de carnaval que tocasse Beatles. “Hoje em dia tem de tudo. Você vê até sertanejo no carnaval, em cima do trio elétrico, tem piseiro, tem não sei o que, tem tudo por que não Beatles também? Eles agradam a todo mundo que tem alguma sensibilidade musical. E a gente, trazendo eles para o carnaval, para o frevo, para a marchinha, para o axé, adaptando os arranjos feitos pelos músicos da banda, então a gente vai fazendo cada vez mais, tendo cada vez mais gente”. Desde 2018 o bloco só cresce, arrastando famílias inteiras e grupos de amigos, pessoas de todas as idades. A saída oficial do Submarino Amarelo será no sábado a partir das 16h na Floriano Peixoto, n° 284.
Essas são apenas algumas histórias que ganham as ruas durante a folia de Momo na capital potiguar, mas muitos outros também representam essa data cheia de cultura e tradição. Nesta sexta-feira, a partir das 19h30, tem o “Te reiá galado”, em Capim Macio. Nas Rocas, às 20h, saem “As guerreiras”. Na Redinha estão alguns dos nomes mais tradicionais da folia natalense. Nesta sexta, tem o Bloco Seu Boga, às 18h. Na segunda-feira, “Os cão” invadem o mangue para se vestir de lama. E por lá, a folia invade a quarta-feira de cinzas com o tradicional Baiacu na Vara e o Bloco dos Gari. Fique bem informado sobre a programação completa da folia acessando o Portal Diário do RN.