Por Alessandra Bernardo
A notícia de que o prefeito Álvaro Dias (Republicanos) teria fechado apoio a Carlos Eduardo Alves (PSD) para as eleições municipais de outubro causou burburinho entre seus aliados administrativos na Câmara Municipal de Natal. Dois deles, que pediram para não serem identificados, acreditam que a “inconstância” do gestor em suas estratégias eleitorais pode causar seu isolamento político, e ele já começa a ser visto como “incoerente” por buscar alianças com quem criticou momentos antes.
“Álvaro comete atos e fala coisas de forma intempestivas contra possíveis aliados e depois, corre atrás desses, como aconteceu recentemente tanto com Carlos Eduardo, a quem criticou, como com Paulinho Freire, a quem afastou após o episódio com a vereadora Nina Souza. Essa inconstância do prefeito é ruim para ele mesmo, porque ele está se isolando politicamente, dando ouvidos a quem não acrescenta em nada para ele, politicamente”, desabafou um dos aliados do prefeito de Natal.
O parlamentar disse ainda que Álvaro Dias “tem se aconselhado” com aliados de pouco peso político e cargos comissionados que “só sabem puxar o saco dele, batendo palmas para qualquer espirro que o prefeito dê ou ainda que atuem como cães de guarda”. Para ele, Álvaro está perdendo tempo ao prolongar a divulgação do nome que apoiará para sua própria sucessão municipal.
“Ele está se deixando envolver e fica dando ouvidos a lideranças e comissionados que não tem peso político algum, que só sabem fazer fofocas, intrigas e bajulá-lo, para não perderem a boquinha na administração. Isso é péssimo para o prefeito, um homem com um histórico político tão grande e importante para a nossa cidade, mas que está visivelmente correndo o risco de ficar isolado politicamente por essas coisas”, lamentou.
O segundo aliado de Álvaro Dias consultado pelo Diário do RN também teme o isolamento do seu líder, diante de tanta “incoerência”. E citou a entrevista que o gestor concedeu à 96 FM na última terça-feira (30), quando declarou que, além de somente anunciar seu apoio em maio próximo, não descartou apoiar o ex-prefeito Carlos Eduardo ou o deputado federal Paulinho Freire (União Brasil) ainda no primeiro turno.
“Percebe como ele é incoerente demais? Tece críticas, exonera cargos comissionados ligados aos dois pré-candidatos, tenta fazer o eleitorado se encantar com uma secretária técnica e competente, mas sem experiência eleitoral e, depois disso tudo, vem e diz que pode vir a apoiar um ou outro ex-aliado, no primeiro turno. Tudo isso faz com que ele termine se isolando politicamente”, falou.
Para ele, esse comportamento incerto e mutável de Álvaro Dias pode ter desdobramentos ainda mais danosos, afetando inclusive seus aliados eleitorais. “É uma situação complicada demais, e que ninguém tem coragem de chegar e dizer a ele, por temer a reação que ele terá, apesar de ser uma pessoa diplomática. É uma situação muito delicada e que pode atrapalhar quem estiver por perto”, lamentou o parlamentar.
PLANO B
Conforme informações de bastidores da política natalense, diferentemente do que diz, Álvaro já teria recalculado a rota ao ver que seu plano de eleger a secretária de Planejamento, Joanna Guerra, não ter alcançado o efeito desejado. E que seu novo plano, ou plano B, é garantir o nome de sua auxiliar como vice na chapa do ex-prefeito Carlos Eduardo, que lidera as pesquisas de intenção de votos em Natal.
Outro ponto que é ventilado nos bastidores é de que o anúncio de que ele poderia vir a apoiar Carlos ou Paulinho no primeiro turno era apenas para despistar a imprensa e que não há a mínima chance de Paulinho Freire aceitar uma aliança com Álvaro, já que tem garantido o apoio declarado de partidos fortes como o PSDB, PL, PP e Podemos. Então, após perder a oportunidade de apoio do grupo do deputado, só restou ao prefeito apoiar a pré-candidatura de Carlos Eduardo, que já teria, inclusive, deixado a cargo de Álvaro a indicação do vice, que ficará com Joanna Guerra.
O relacionamento político entre os dois vem de alianças eleitorais passadas. Começou em 2016, quando Álvaro ocupou o cargo de vice-prefeito na chapa liderada por Carlos Eduardo. Essa união política perdurou até as eleições de 2020, quando o pessedista apoiou a reeleição de Álvaro, indicando Aíla Cortez (PSD) como vice-prefeita. Aíla é prima da ex-primeira-dama Andreia Ramalho.