Perdido. É assim que, politicamente, se encontra o prefeito de Natal Álvaro Dias, às vésperas de tomar decisão profunda quanto a quem apoiar nas próximas eleições de outubro para lhe suceder no Palácio Felipe Camarão.
Como a política é um tanto dinâmica, o prefeito Álvaro Dias iniciou sua peregrinação pré-eleitoral acenando para a possibilidade de dar apoio ao nome do ex-presidente da Câmara Municipal de Natal e atual deputado federal Paulinho Freire (União Brasil), seu fiel para-choque nos conflitos com o legislativo natalense até final de janeiro do ano passado. Não demorou muito para que Álvaro refluísse desse apoio sem qualquer justificativa e acenasse para o governo federal, mesmo que para isso fosse necessário um rompimento político com o atual senador Rogério Marinho que lhe ajudou imensuravelmente a conseguir alocar recursos financeiros substanciais na esfera federal. E Álvaro rompeu com Rogério, sem qualquer justificativa, a não ser o de se aproximar do governo Lula em busca de conseguir a liberação dos recursos alocados por Rogério. E para isso, Álvaro chegou mesmo a fazer acenos para a indicada do Partido dos Trabalhadores (PT) Natália Bonavides, que deverá ser a candidata da governadora Fátima Bezerra à sucessão do atual prefeito de Natal, mesmo sem ganhar qualquer reciprocidade.
Ganhando a assessoria dos ex-deputados federais Henrique Eduardo Alves e Rafael Motta, ambos do PSB, Álvaro mudou sua estratégia e encurtou o caminho para se aproximar mais ainda do governo do presidente Lula via o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços Geraldo Alkmin (PSB).
Nesse ínterim, quando se esperava que o alcaide natalense anunciasse seu apoio a uma provável candidatura de Rafael Motta à sua sucessão, eis que o prefeito da Capital do estado tenta se aproximar de seu antigo correligionário, o ex-prefeito Carlos Eduardo Nunes Alves, líder nas pesquisas de opinião pública, propondo inclusive indicar um nome de sua confiança para compor a chapa encabeçada pelo ex-prefeito, proposta essa que ficou de ser analisada, mas que até hoje não lhe deram nenhuma resposta.
Depois de abandonar a candidatura de Paulinho Freire, trair o senador Rogério Marinho e não obter êxito em se aproximar de Carlos Eduardo, eis que Álvaro Dias sinaliza com o nome de sua secretária de planejamento Joanna Guerra como parte integrante de um plano A para ser a sua candidata ao pleito de outubro próximo, deixando na reserva o nome do seu secretário de esportes Rafael Motta como partícipe de um plano B na sucessão.
Álvaro não só tem o nome de Joanna Guerra como seu preferido, mas lhe garantiu espaços em todos os eventos públicos como forma de torná-la popular, mesmo que para isso fosse preciso usar a máquina administrativa para que a secretária de planejamento alcance a meta de um mínimo de 10 pontos percentuais nas próximas pesquisas de opinião pública.
Irritado com a fiscalização da imprensa que vem denunciando esse “uso da máquina pública em favor de sua candidata”, o prefeito Álvaro Dias, mesmo sendo bem avaliado nas pesquisas, ao que parece, ficou um tanto “baratinado” e começou a tomar atitudes de quem parece estar perdido, a exemplo do fato de ter demitido todos os cargos comissionados da vereadora Nina Souza, com publicação no Diário Oficial dessa terça-feira, 16.
O que se esperava de Álvaro Dias era a sensatez em manter um bom relacionamento administrativo com o Poder Legislativo, mesmo respeitando as decisões políticas dos vereadores natalenses durante todo o período eleitoral.
Ora, se Álvaro decidiu conflitar com a vereadora Nina Souza, companheira do prefeitável Paulinho Freire (União Brasil), qual será o seu comportamento com os demais vereadores, a exemplo do atual presidente da Casa Legislativa, vereador Ériko Jácome que por sua vez já verbalizou seu apoio incondicional à candidatura do atual deputado federal Paulinho Freire? E com os vereadores que integram o PSDB, partido do deputado estadual Ezequiel Ferreira de Souza que por sua vez tem estimulado a candidatura de Paulinho a prefeito da Capital? Enfim, qual será o comportamento do prefeito Álvaro, quando os cerca de 20 dos 29 vereadores que constituem a Câmara Municipal de Natal, mesmo lhe mantendo o apoio administrativo, anunciarem seus apoios a outro candidato que não seja o indicado do Palácio Felipe Camarão?
Em prevalecendo a atitude que tomou contra a vereadora Nina Souza, os vereadores que agirem com o propósito em manter seus apoios administrativos à gestão municipal, mesmo tomando iniciativas contrárias politicamente, terão todos os seus indicados exonerados pelo prefeito Álvaro Dias, o que pode causar danos irreversíveis ao seu futuro político.