Por Bosco Afonso
A política partidária é uma dinâmica constante, fazendo com que correligionários de instantes venham a se tornar adversários logo a seguir. E o inverso é também verdadeiro. Um exemplo prático na atual conjuntura política é o partido União Brasil do ex-senador José Agripino Maia, que, nos dias atuais, vem ampliando conversas de apoio à candidatura do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PSD), rifando antecipadamente a pré-candidatura a prefeito do seu filiado, o deputado federal Paulinho Freire, com a sua anuência.
As conversas e entendimentos se aprofundaram a ponto de ficar praticamente definido que o União Brasil, nessa composição com o PSD, emprestaria o nome a compor a chapa encabeçada pelo ex-prefeito Carlos Eduardo nas próximas eleições de 7 de outubro. Esse nome, a princípio, poderia ser o da vereadora Nina Souza ou da vereadora Camila Araújo.
MARCHAS E CONTRA-MARCHAS
Enquanto o União Brasil já buscava outros parceiros para engordar a composição política com o ex-prefeito Carlos Eduardo, eis que surge o atual prefeito Álvaro Dias tentando fazer composição com o candidato que está liderando todas as pesquisas de opinião pública que foram publicadas durante o ano passado.
Nenhuma surpresa na tentativa de Álvaro se aproximar de Carlos Eduardo. O único empecilho é que, naquele momento, caberia ao União Brasil abdicar ou não da indicação do nome para compor a chapa com o ex-prefeito. Carlos Eduardo chegou a conversar com Álvaro, mas foi enfático ao dizer que o nome de seu companheiro de chapa viria do União Brasil, das decisões do ex-senador José Agripino e de Paulinho Freire. A partir daí tudo não passou de mera especulação, pois o União Brasil não se manifestou sobre a situação.
Sem aguardar mais pela manifestação de Carlos Eduardo ou mesmo do União Brasil, o prefeito Álvaro Dias tomou uma decisão interna no seu grupo optando pelo nome, em primeiro grau, de sua secretária de planejamento Joanna Guerra – que deverá fazer seu nome chegar por méritos próprios aos 10 pontos percentuais de aceitação da população como provável candidata a prefeita de Natal, até o mês de maio. Caso contrário, Álvaro poderia optar pelo nome do ex-deputado federal Rafael Motta, como seu plano B.
FEDERAÇÃO
O problema é que, enquanto os caciques políticos locais discutem a destinação de seus partidos na eleição municipal, especificamente em relação a eleição na Capital do Estado, os caciques de maiores cocares que tomam assento em Brasília buscam fórmulas para se fortalecer perante o governo federal e podem, a partir de fevereiro, logo depois do carnaval, tomar posições que influenciarão diretamente na composição da política em todo os municípios do estado, especialmente em Natal.
É que os partidos Republicanos, representado no RN pelo prefeito Álvaro Dias; o Progressista (PP), comandado pelo deputado João Maia e o União Brasil, capitaneado pelo ex-senador José Agripino, poderão ter um destino único com a formação da Federação, que caminha a passos largos nos entendimentos em Brasília.
A Federação de partidos políticos de centro-direita formada pelo União Brasil/PP/Republicanos irá fazer uma das maiores bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
Atualmente, o União Brasil é o terceiro maior partido, com 59 deputados. O PP é o quarto, com 50 parlamentares federais. Já o Republicanos, com 42, apenas o sétimo. Juntos, farão uma bancada de 151 deputados e 17 senadores, além de contar em suas fileiras com três potenciais candidatos à Presidência da República: Tarcísio Freitas (governador de São Paulo pelo Republicanos; Ronaldo Caiado (governador de Goiás pelo União Brasil) e Tereza Cristina (deputada federal pelo PP do Mato Grosso do Sul).
Segundo os articuladores, a decisão para consolidar a Federação aguardará a mudança de comando nacional do União Brasil, e a sua consolidação terá a duração até as eleições de 2028.
PAULINHO/JOANNA GUERRA
A formação da Federação PP/Republicanos/UB irá ocasionar mudanças radicais nas composições municipais no Rio Grande do Norte, principalmente em Natal, quando já há entendimentos em curso, como é o caso dos partidos União Brasil e PSD.
Com a existência da Federação, esses entendimentos não mais existirão, pois, a candidatura a prefeito de Natal, nesse caso, deverá sair de entendimento entre as três siglas e nesse caso, a candidatura de Paulinho Freire – que deverá contar com cerca de 20 dos 29 vereadores de Natal – voltará a ser discutida mais fortalecida, embora na mesma composição partidária, a essa altura, também exista a candidatura de Joanna Guerra, a preferida do prefeito Álvaro Dias, uma neófita na política partidária do Estado.
Com essas mudanças, José Agripino, um exímio estrategista político, deverá tentar conquistar o apoio do prefeito Álvaro Dias para a nova empreitada de Paulinho Freire, cuja candidatura deverá estar mais sedimentada que a da atual secretária de planejamento do município de Natal, principalmente pela sua aceitação na classe política e a popularidade que já conquistou junto ao eleitorado natalense.
Consolidado os entendimentos, que deverá consumir alguns neurônios e deixar os nervos à flor da pele dos envolvidos, a chapa que deverá ser consolidada será formada por Paulinho Freire (UB), candidato a prefeito e Joanna Guerra (Republicanos), vice-prefeita.