O maior pecado do político é o excesso de vaidade. Principalmente quando está exercendo cargo de comando. A vaidade sobe à cabeça, comprime os neurônios, contamina a razão e o deixa sem raciocínio pleno, pois em determinados momentos, ele é o único. E essa excessiva vaidade, com certeza, tem sido a razão de insucessos de muitos dos nossos políticos.
Aliás, já se constatou vários desses exemplos na classe política, seja em nível municipal, estadual ou nacional.
Álvaro Dias (Republicanos), saído da próspera região do Seridó, hoje Prefeito Constitucional de Natal, talvez ainda não tenha se apercebido de que esse mau está lhe contaminando e influenciando em suas decisões.
Depois de romper com o seu companheiro de chapa na eleição de 2016, Carlos Eduardo Nunes Alves, Álvaro tem tentado se consolidar como liderança expressiva no cenário estadual embora numa primeira tentativa, em 2018, não conseguiu eleger, sequer, o seu filho a deputado estadual, só alcançando esse objetivo agora em 2022, depois que o próprio Adjuto alavancou a candidatura através de sua gestão na Secretaria de Trabalho e Assistência Social sem ser incomodado pelo Ministério Público para questionar se o mesmo tinha ou não competência profissional para tal fim.
INDECISÕES
Com o seu mandato renovado em 2020, Álvaro se amparou no potiguar Rogério Marinho, braço direito do então presidente Bolsonaro, de quem conseguiu volumes consideráveis de recursos financeiros para a sua administração que certamente irão ajudar a consolidar seu nome como exemplar gestor. Mas bastou chegar a eleição de 2022, com Rogério Marinho capitaneando a candidatura de Fábio Dantas ao Governo do Estado que Álvaro Dias, gestor do principal colégio eleitoral, ficou por alguns meses indeciso se votaria ou não no candidato de Rogério, aquele mesmo que havia conseguido somas de recursos financeiros para sua gestão.
Depois de “paparicado” e não ter encontrado outra opção de nome para apoiar para governar o Rio Grande do Norte, Álvaro se decidiu por emprestar o seu nome de apoio a Fábio Dantas, embora sem muito empenho. Mas Álvaro administrava a maior fatia do eleitorado potiguar.
Agora, prestes a enfrentar a eleição de seu sucessor, Álvaro Dias começa a esnobar as candidaturas já postas, inclusive a do ex-presidente da Câmara Municipal de Natal e hoje deputado federal Paulinho Freire.
Paulinho Freire, até o ultimo dia, 31 de janeiro de 2023, em que presidiu o legislativo natalense, serviu como um verdadeiro “para-choque” para Álvaro Dias, nos dias difíceis de convivência com a maioria dos parlamentares. E esse quadro está sendo mostrado nos dias atuais, quando o veto do prefeito de Natal ao projeto do vereador Robério Paulino foi derrubado pela grande maioria dos vereadores, registrando uma grande derrota ao alcaide natalense.
Assim tem sido a saga de Álvaro Dias, sempre deixando para trás aqueles que o ajudaram a consolidar uma liderança política além-fronteiras de Caicó.
A quem mesmo, o prefeito de Natal irá emprestar o seu apoio na disputa pela sua sucessão?
Nas rodas políticas, há quem assegure que Álvaro já acenou até para Natália Bonavides (PT) com o binóculo focado nas verbas do governo federal, mas os petistas esnobaram seus acenos. Ele até que ensaiou uma candidatura própria, com um nome tirado do bolso direito de seu paletó, que foi o de Irapuã Nóbrega, mas não vingou. Por último disse descartar apoio ao nome de Paulinho Freire e até ensaiou uma reaproximação com Carlos Eduardo Nunes Alves, acenando com a possibilidade de indicar o (a) companheiro (a) de chapa, mas isso também não prosperou.
Agora, enquanto nenhum dos partidos mais estruturados anuncia nomes de suas candidaturas, à exceção do PSD do ex-prefeito Carlos Eduardo, Álvaro voltou a criar gosto por uma candidatura própria, mas ainda sem definição, pois está expondo o nome de sua secretária de planejamento Joanna Guerra para sentir se ela consegue empatia junto ao eleitorado e caso não consiga o êxito desejado poderá optar pelo nome do ex-deputado Rafael Motta (PSB).
Nesse emaranhado de posicionamentos, o que se sabe é que prefeito Álvaro Dias irá concluir o seu mandato em dezembro próximo, quando ficará sem mandato eletivo até as eleições de 2026, oportunidade em que pretende disputar a cadeira ocupada hoje por Fátima Bezerra (PT) ou encarar a competição por uma das duas cadeiras no Senado Federal, hoje ocupadas por Styvenson Valentim (Podemos) e Zenaide Maia (PSD). Será?
Em último caso, Álvaro irá disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados.
Ao concluir o seu mandato, Álvaro Dias sairá do topo ao limbo. Aí é que está o perigo de cair no esquecimento.