QUE LÍDERES SÃO ESSES?
A torcida brasileira, que não foi uma unanimidade para a Seleção Brasileira apoiou o técnico Tite em todos os momentos, embora a totalidade dos convocados também não tenha agradado totalmente a quem torcia pela “Canarinho”.
O técnico Tite levou o time até as quartas de final, quando foi derrotado pela Croácia, nos pênaltis. E enquanto jogadores brasileiros choravam e se lastimavam ainda dentro das quatro linhas aguardando, talvez, o consolo de alguém tipo o técnico e comandante da equipe, eis que Tite saiu de fininho e se alojou no vestiário sem dar conta das lamúrias de seus comandados. Que líder é esse?
Tite, como técnico e líder de um grupo, talvez tenha seguido o exemplo do presidente da República Federativa do Brasil, apesar do antagonismo político.
O capitão reformado Jair Messias Bolsonaro saiu quase do ostracismo como deputado federal e aventurou numa candidatura a presidente da República, que deu certo, em 2018. Alcançou quase 58 milhões de eleitores no segundo turno e deu uma verdadeira “surra” de votos em Fernando Haddad.
Empossado presidente da República, Bolsonaro adotou um estilo próprio e foi mantendo seus apoiadores em contatos no “cercadinho” do Planalto, nas motociatas ou em pronunciamentos até mesmo contradizendo a ciência, quando tentou impor à população que a vacina contra a Covid-19 era um mal e que quem a tomasse poderia “virar jacaré”.
Mas foi com o seu jeitão espontâneo e sempre sincero que Bolsonaro passou a defender os bons costumes através da crença em Deus, em defesa da Família e da Liberdade. Liberdade essa em que seus seguidores confundiam com o desrespeito e a falta da verdade, principalmente em postagens em redes sociais.
Bolsonaro não só foi formando uma legião de seguidores, mas soube construir a chamada Direita ideológica, que pela primeira vez, desde a redemocratização do país, saiu do anonimato, mostrando a sua cara. E ele, Jair Messias Bolsonaro, foi o responsável por essa façanha, mesmo que para isso tenha se valido da implantação de um radicalismo que consolidado desafiou a Esquerda para um embate direto, já que derrotara a principal legenda do esquerdismo, o Partido dos Trabalhadores (PT), em 2018.
Reerguido com a descondenação (existe no nosso vocabulário?) de Lula pelo beneplácito do Supremo Tribunal Federal (STF), o PT ganhou força e depois de uma campanha eleitoral acirrada entre Lula e Bolsonaro – ou entre a Esquerda e a Direita – e, mesmo com as inconsistentes denúncias contra as urnas eletrônicas, eis que Bolsonaro é derrotado por menos de 2 pontos percentuais.
A derrota ou vitória são as alternativas para quem disputa uma eleição. E através das mesmas urnas em que vencera a eleição de 2018, Bolsonaro perdeu o pleito de 2022.
O que não se esperava é que o grande líder de um movimento que se consolidou por todo o país viesse a ficar recluso.
O isolamento de Bolsonaro no seu próprio mundo (só apareceu rapidamente no auge das movimentações que contestavam o resultado das urnas e recentemente, para uns poucos adeptos) tem significado surpresa até mesmo para os seus aliados mais próximos, em claro abandono a toda uma legião de seguidores que se divide entre os que acataram e os que continuam a contestar o resultado das urnas, mas que todos precisam de um líder. O que não vem exercendo Bolsonaro.
Que líder é esse?
*Jornalista – Diretor Executivo do Diário do RN