Escolher uma roupa nova, deixar a casa arrumada, pular sete ondas na virada, não comer ave porque elas ciscam para trás… são tantas fórmulas para “garantir” um ano novo de abundância e realizações. É tanto pode isso, não pode aquilo que por vezes me pego a perguntar se é realmente a roupa que visto ou algo que eu deixei de comer que vão determinar os próximos 365 dias da minha vida.
Eu não vou negar que me deixo levar pelos costumes, me divirto. Desde criança gostei de ter roupa nova no Natal e no Réveillon. Gosto de vestir branco e evito comer aves. Se estiver na praia, faço questão de pular as sete ondas e também amo ver o primeiro nascer do sol do ano que começa, mas acredito mesmo que o importante é a energia que temos dentro de nós e a energia que escolhemos viver em cada dia de nossa vida. De nada vai adiantar o branco, o brinde, os malabarismos, se dentro de nós o que segue é pesado e velho.
Peço licença para contar a mais linda história de Réveillon que já vivi: Seria só mais uma noite com a reunião de uma pequena parte da família, em nossa casa. Preparamos algumas comidas e meus tios já tinham chegado quando finalizei uma salada e subi para tomar banho.
Estava na 37ª semana de gestação. Pelas previsões, Letícia nasceria em 19 dias. Acontece que quem previu não combinou com ela e comecei a sentir algo estranho. Era perto das 22h. Quando chamei por minha mãe, ela já chegou com a pasta do meu pré-Natal em mãos e disse: “Vamos para o hospital”.
Achei aquilo um exagero, mas é como dizem: mãe é mãe! No caminho para a maternidade as contrações vieram muito fortes e em intervalos curtos, no primeiro toque a obstetra não teve dúvidas: “Lá vem Letícia”.
Eu escreveria algumas páginas para contar sobre aquela noite de alvoroço, família conectada em várias partes do país. Por acaso, tinha até enfermeira amiga de escola de uma prima que mora em outro Estado que recebeu a incumbência de passar todas as informações que rapidamente eram também compartilhadas no grupo da família. Euforia grande também na família do meu pai, onde a torcida era grande pelo nascimento na mesma data da minha avó Lourdinha.
O mundo estava em festa para receber a menina que tem alegria no nome. O relógio marcava 1h e 30 minutos quando ela chegou. E foi assim que vivi o Réveillon mais lindo, recebendo o melhor de todos os presentes. O presente que não mudou só aquele ano, mas a minha vida, o meu existir.