Os eleitores administraram alguns choques profundos à estabilidade mundial no ano que passou – mas nada como o que podemos esperar em 2024.
No próximo ano, países que somados contêm mais da metade da população mundial realizarão eleições, como observou o The Economist. Mais de 4 bilhões de pessoas vivem nesses países que irão às urnas.
Em todos os continentes, tornou-se muito fácil para os eleitores simplesmente rejeitarem filosofias liberais de longa data em troca de brilhantes promessas que são como ouro dos tolos apresentadas por extremos – muitas vezes da extrema-direita populista.
O importante ano eleitoral começa com Bangladesh em janeiro. Já ocorreram manifestações antigovernamentais desencadeadas pelo principal partido da oposição, o Partido Nacionalista do Bangladesh (BNP, na sigla em inglês), cujos principais líderes estão presos ou exilados.
O BNP ameaçou boicotar as urnas se a primeira-ministra Sheikh Hasina não renunciar e entregar o poder a um governo provisório antes das eleições gerais. É provável que Hasina continue o seu governo de 15 anos com mão de ferro.
Em fevereiro, as duas nações muçulmanas mais populosas do mundo – Paquistão e Indonésia – realizam eleições com uma semana de diferença.
O Paquistão fará suas primeiras eleições gerais desde que o popular, mas polêmico, ex-primeiro-ministro Imran Khan foi destituído por acusações de corrupção.
Ele nega qualquer irregularidade. Embora não seja um candidato, Khan ainda é a força motriz do seu partido político.
A Indonésia realizará as maiores eleições do mundo em um único dia, pouco depois – com mais de 200 milhões de eleitores no país e 1,75 milhões de diásporas indonésias – embora seja pouco provável que os eleitores afrouxem o controle do poder das elites empresariais e militares ricas.
Em outro lugar, a África do Sul realizará talvez a eleição mais epifanal da África, certamente no seu conturbado período pós-Nelson Mandela.
Quando os sul-africanos foram às urnas nas eleições municipais, há dois anos, o partido de Mandela, o Congresso Nacional Africano, obteve pela primeira vez menos de 50% dos votos, com eleitores consternados com a desordem e a corrupção que marcaram demais os seus 30 anos no poder.
Se essa tendência descendente continuar nas eleições gerais de 2024, será um momento decisivo na história política da África do Sul.
Olhando para a Europa, haverá nove eleições parlamentares, onde um dos maiores desafios para os novos governos será encontrar parceiros de coligação para formar maiorias.
Fique de olho nas eleições de Portugal, em março. Ela acontece após uma investigação de corrupção que forçou a saída do primeiro-ministro socialista do país após oito anos no cargo – e pode anunciar uma virada para o partido de extrema-direita Chega.
Da mesma forma, a direita parece preparada para grandes ganhos nas eleições austríacas, marcadas para o outono do hemisfério Norte.
Também previstas para o final de janeiro de 2025 estão as eleições gerais do Reino Unido, o que significa que podemos esperar ver os eleitores britânicos provavelmente indo às urnas no final de 2024 – e podemos até ver um retorno do Partido Trabalhista ao poder após 14 tensos anos de governo conservador.
Na América Latina, o México está prestes a ter a sua primeira mulher presidente, uma vez que duas estão disputando nos principais partidos nas eleições de junho, onde as drogas, o crime e a imigração para os EUA estão no topo da agenda política.
Em outro lugar, o imprevisível líder nacionalista da Venezuela, Nicolás Maduro, procurará um novo mandato com os riscos que incluem uma batalha fronteiriça com a vizinha Guiana sobre os direitos do petróleo.
Fonte: CNN

