Por Bosco Afonso*
Desde a volta das eleições acontecidas em 1989, que as disputas eleitorais ficaram por conta dos partidos políticos ou de personagens que se destacaram utilizando-se do marketing pessoal, a exemplo de Fernando Collor de Melo.
A chamada esquerda, capitaneada pelo Partidos dos Trabalhadores (PT) foi se fortalecendo durante as três eleições consecutivas em que o seu líder maior, Luiz Inácio Lula da Silva fora derrotado por Collor e duas vezes por Fernando Henrique Cardoso, mas que com persistência se tornou vitorioso e presidente da República em 2002 ao derrotar o ex-ministro da saúde, José Serra.
Por quase 15 anos no poder, o PT, sempre a estrela maior do esquerdismo, experimentou a sua imersão no segundo mandato de Lula quando o envolvimento no escândalo do mensalão, com as prisões dos coadjuvantes Roberto Jefferson, José Dirceu e José Genuíno, quase comprometeu a eleição de Dilma Rousseff.
Como sempre seus adversários afirmavam que o PT “não tinha projeto de governo; sempre teve projeto de poder”. O Partido dos Trabalhadores voltou a se envolver em escândalos por desvio de dinheiro público e a “Lava-Jato”, nascida e criada no Ministério Público e no Judiciário de Curitiba, surgiu para interromper o ciclo da esquerda no Brasil, sem ainda protagonistas da direita.
Um desconhecido deputado federal, posteriormente conhecido por seu estilo extremista, surgiu no cenário político brasileiro e, graças a uma facada sofrida que também o levou a se afastar dos debates promovidos pelos canais de televisão, se tornou vítima e assim alavancou a sua predileção junto ao eleitorado sendo alçado à presidência da República Federativa do Brasil.
O então desconhecido se chamava Jair Messias Bolsonaro, que só parcela do eleitorado carioca o conhecia e que os brasileiros passaram a conhecer muito mais pela sua verborragia do que mesmo pelos seus feitos governamentais que ficaram escondidos graças às desavenças com veículos de comunicação.
Bolsonaro adotou o seu estilo extremista, indo de encontro frontal a tudo o que o Partido dos Trabalhadores (PT) e a esquerda pregavam, inclusive chegando a contrariar recomendações da ciência, como foi o caso da vacina contra a Covid-19.
E foi com esse mesmo estilo que o presidente Bolsonaro desafiou ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Superior Tribunal Federal (STF) e por ser militar, mesmo da reserva, assustou a todos com o seu extremismo o que fez, certamente, com que membros da Corte Superior optassem por “desenterrar” o processo contra o maior líder da esquerda, Lula, a quem perdoaram todos os atos até então conhecidos como corruptos, mas que ressuscitariam o único capaz de derrotar o Jair nas urnas.
Exatamente como o previsto, Lula ganhou a eleição por menos de 2 pontos percentuais, e com quase 11,00% a menos do que obteve na eleição de 2002, fazendo a esquerda retornar ao poder, mas fez surgir a chamada direita, agora fortalecida com Bolsonaro e seus seguidores, e que certamente não dará trégua ao novo governo.
A disputa continua, mas não sabemos quem serão os próximos protagonistas em 2026.
*Jornalista – Diretor Executivo do Diário do RN