Todo bom produtor de queijo sabe. Para obter um produto laticínio de boa qualidade, a atenção ao curral é fundamental. Os cuidados começam na alimentação dos animais, manejo do gado e ordenha adequada, para que o leite tenha boa qualidade. Aquece o líquido, esfria, resfria e, ao chegar em torno de 34°C a 36°C, inicia a coagulação, a etapa mais decisiva na produção de queijos, na qual a proteína do leite é concentrada, retendo também a gordura. Adiciona a renina (o coalho) e só então o processo de fabricação do queijo prossegue, variando conforme o tipo, com a drenagem, secagem, maturação até o armazenamento.
Não é um procedimento rápido. Requer tempo e paciência para ficar pronto. As quantidades, proporções e tempo necessário, cada família guarda e repassa de geração em geração. É esse saber secular, cultural e feito à mão, que torna cada queijo artesanal um exemplar único em sabor e textura. No entanto, muitas vezes esses produtos, que carregam junto história, particularidades e trajetória embutida, ficam restritos à apreciação de consumidores da localidade onde foram produzidos ou mesmo restritos ao consumo familiar.
A expansão do mercado é sonho de todo pequeno produtor de queijo artesanal. Participar da 6ª Exposição Queijos Artesanais do Brasil representa para expositores uma forma de enaltecer esse caminho percorrido pelo lácteo entre o pasto e o prato, bem como abrir canais de comercialização. O festival foi promovido pelo Sebrae durante uma semana na Festa do Boi e apresentou ao público visitante toda a diversidade de produtos e o universo de sabores dos queijos fabricados artesanalmente.
O jovem divide com o pai e a mãe, Izabel Cristina, as atribuições do processo de produção dos derivados lácteos, que saíram de uma receita de família para ser um queijo premiado em concursos mundiais. Com apenas 14 anos, Tobias Zacarias despertou o interesse pela produção de queijos, vendo a sua avó fabricar o queijo de coalho, cuja receita se multiplicou e ficou como herança para o negócio da família.
A família da Fazenda Barreiras está expondo na Agência Sebrae Festa do Boi produtos como, queijo de coalho – o carro-chefe da queijeira -, queijo ao vinho, queijo maturado com 60 dias, queijo meia cura em torno de 30 dias, dois queijos trufados com goiabada e carne de sol, queijo com pimenta e creme de queijo de ricota temperado com alho e orégano.
A 6ª Exposição de Queijos Artesanais do Brasil na Agência Sebrae Festa do Boi também contou com o produtor baiano, proprietário da Queijeira Dom Queijo, Leonardo Mello, que está comercializando até este sábado (14) três tipos de queijos artesanais: queijo de coalho com charque, queijo de coalho tradicional e o queijo Jaguaribe, maturado com 30 dias. A queijeira artesanal conta com um restaurante para os visitantes apreciadores do turismo rural. A Fazenda Terra Boa, que fica na zona rural município Dom Macedo Costa, na Bahia, além da queijeira e do restaurante, vai passar contar a partir do próximo ano com uma pousada rural, cujos chalés estão sendo montados para atender a demanda de visitantes que desejam se hospedar na região.
A oportunidade de estar no maior evento agropecuário do estado não tem preço. É o que pensa o produtor Heráclito de Souza, da Fazenda Antônio Vindô, instalada no município de José da Penha, no Alto Oeste do estado. O queijeiro fala desse apoio dado pelo Sebrae para desenvolver o setor e ampliar o mercado consumidor.
O nome da Fazenda é uma homenagem ao avô, Antônio Vindô, que iniciou uma pequena produção em 1937. Em setembro deste ano, Heráclito conquistou medalha de prata no Mondial Fromage Tours, na França. No ano passado ganhou medalhas de bronze com os queijos Icó e Tapuia no 2º Concurso de Queijos e Produtos Lácteos, do Mundial do Queijo do Brasil, em São Paulo. Também em 2022 conquistou cinco medalhas no concurso do XVI ENEL – Encontro Nordestino do Setor de Leite e Derivados, em Vitória da Conquista/BA. Foram três medalhas de prata para os queijos Panati, José do Egito e Tapuia, além de duas medalhas de bronze para os queijos Curumim e Jatobá.
Entre os expositores locais, estão lldefonso e Marinedes Dantas, que expõem uma variedade dos produtos da marca Maanaim, com dois queijos artesanais maturados, Mulato Velho e Barra Nova, mussarela em formato de manta, nozinho e trança, além da famosa burrata. A queijeira fica no Sítio Barra da Espingarda, em Caicó, na região do Seridó potiguar.
Outra marca contemplada com um espaço na Exposição Queijos Artesanais do Brasil foi a Queijeira Creuza Maria, que trouxe para o evento queijo de coalho e manteiga da terra. Situada no município de Carnaúba dos Dantas, a queijeira artesanal produz apenas o queijo de coalho e a manteiga. O produtor José Filho de Oliveira e o filho Joan Igor de Oliveira cuidam de todo o processo, desde a ordenha das vacas, que é feita por Igor, até a fabricação do queijo de coalho e a da manteiga da terra. “Por enquanto, produzimos apenas esses dois produtos. Até o próximo, pretendemos passar a fabricar o queijo de manteiga”, afirma Igor, que é o responsável pela ordenha das vacas e tira em torno de 50 litros de leite por dia, transformados em queijo.
Com informações da ASN RN

