A audiência realizada, nesta terça (12), na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (ALRN), recebeu Kim Pedro, representante da 3R Petroleum para debater os altos preços praticados pela empresa, no repasse dos combustíveis no Rio Grande do Norte.
O gerente de novos negócios da 3R Petroleum, Kim Pedro, fez uma explanação acerca da situação dos produtos que distribui no RN e a dependência da importação: “O único produto que conseguimos entregar de maneira pronta ao mercado é o querosene de aviação. Os demais, hoje, dependem totalmente da importação e da cadeia logística de abastecimento internacional”, explicou durante a audiência.
A Refinaria Clara Camarão, localizada no município de Guamaré, que teve sua compra concluída pela empresa no dia 07 de junho e atuante no mercado potiguar há 10 anos, teve seus dados de faturamento apresentados por Pedro que a partir de junho, saíram de R$13 milhões para R$20 milhões. Além disso, foi exposto pelo representante que a unidade não consegue processar o petróleo bruto e transformá-lo em gasolina e diesel, sendo necessário importar do exterior, o que impacta nos altos preços.
O representante detalhou durante sua fala como funciona o processo de refinaria e o acompanhamento do mercado: “É uma unidade de refino que produz querosene de aviação nas condições que a ANP exige para o consumidor. No caso do diesel e da gasolina, isso não é possível, o mais próximo que sai é uma Nafta NDD e o diesel é de alto enxofre, que também não podemos consumir. O modo de produção atual não muda em relação ao anterior a junho, o antigo operador também trazia de fora do seu sistema o diesel e gasolina fornecidos através do Polo de Guamaré. É importado o diesel S10, que é misturado àquele de alto enxofre produzido pela refinaria, e é importada a gasolina nos padrões da ANP para revender às distribuidoras. […] Hoje, empresa adapta instalações para receber gasolina aditivada ou premium para que possa receber essa nafta para que ela não saia e fique aqui, para incorporar à mistura”.
A deputada estadual Isolda Dantas (PT), propositora da reunião, enfatizou o quão foi importante a presença do representante da 3R Petroleum e acendeu o alerta para a situação dos combustíveis no estado: “A vinda do Pedro esclareceu informações importantes, como a que nós (estado) não produzimos e precisamos importar os combustíveis. A 3R é simplesmente uma repassadora de combustível no Rio Grande do Norte, por isso temos um preço mais alto. Vamos continuar na luta, convocaremos as distribuidoras, o Procon, buscando alternativas para baratear o combustível”.
Kim Pedro, ainda avaliou esse momento de esclarecimento perante as autoridades estaduais e órgãos competentes: “É muito importante para a 3R Petroleum ter a oportunidade de esclarecer para a sociedade Potiguar as questões relacionadas à sua operação e atividade de refino em Guamaré, assim como seus planos de investimento para o estado. O Rio Grande do Norte é um estado extremamente relevante para a Companhia, e onde a 3R já atua para gerar desenvolvimento e incremento da produção. Em relação ao preço dos combustíveis, foi importante esclarecer sobre as fontes de abastecimento para região e as características da planta de refino de Clara Camarão, a qual não produz gasolina ou diesel, derivados que precisam ser importados e, por isso, seguem os preços do mercado internacional”.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sindipostos/RN), também esteve presente na reunião e fez considerações apoiando a iniciativa de uma audiência como esta: “Apoio totalmente iniciativas como esta da Audiência Pública assim como toda e qualquer outra que venha a detalhar os custos envolvidos na cadeia de combustíveis e esclarecer toda a sua dinâmica à população. Um dos elos mais frágeis desta cadeia, a revenda de combustíveis tem total interesse em ver estes dados tornados públicos, debatidos e esclarecidos de maneira ampla e transparente”.
Também participou desta reunião e considerou como positiva a audiência, Ivis Corsino, coordenador-geral do Sindipetro/RN: “A reunião foi bem produtiva, trouxe esclarecimentos sobre o tema dos preços dos combustíveis, traz um pouco de luz para que a gente possa compreender a cadeia dessa indústria do petróleo, entender que hoje o combustível que nós estamos comprando e utilizando no Rio Grande do Norte, não é produzido aqui, a sua esmagadora maioria é de combustível importado. No caso do diesel é 70%, e no caso da gasolina ela é 100% importada pela 3R. Uma informação que esclarece um pouco da compreensão e de provocação, de a gente provocar se a gente realmente tem uma refinaria, se a refinaria realmente está funcionando, se ela pode funcionar, se vai ter novos investimentos, se não vai”.