A Filarmônica UFRN encerra a temporada 2025 com uma das obras mais emblemáticas da história da música ocidental. Nesta quinta-feira (04), às 20h, a orquestra sobe ao palco do Teatro Riachuelo, em Natal, para interpretar a monumental Nona Sinfonia, de Ludwig van Beethoven, sob a regência do maestro André Muniz. Os ingressos já estão disponíveis para venda, através do site www.uhuu.com.
Para esta apresentação especial, a Filarmônica recebe quatro formações corais: o Coral Canto do Povo, a Camerata de Vozes do Rio Grande do Norte, o Coro de Câmara da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e o Coral Canto Paramirins. No total, mais de 100 artistas estarão no palco, reforçando o caráter grandioso da obra e a complexidade de sua execução.
Composta entre 1822 e 1824, a Sinfonia nº 9 em Ré menor, Op. 125, é considerada um divisor de águas da música ocidental. Pela primeira vez, Beethoven incorporou vozes humanas à estrutura sinfônica, ampliando os horizontes do gênero e criando um marco artístico. A obra culmina no célebre Ode à Alegria, inspirado no poema de Friedrich Schiller, que exalta a união e a fraternidade entre os povos. Seu verso mais conhecido, “Alle Menschen werden Brüder”, traduzido como “Todos os homens se tornam irmãos”, atravessou séculos como símbolo universal de esperança.
A estreia da Nona, em 7 de maio de 1824, em Viena, é lembrada até hoje como um dos episódios mais emocionantes da história da música. Beethoven, já completamente surdo, não percebia as reações do público e precisou ser tocado por uma das solistas para virar-se para a plateia e ver a grande ovação que recebia. A cena tornou-se um marco da sensibilidade humana e do poder transformador da arte.
A força simbólica da obra ultrapassou fronteiras culturais e temporais. Em 1972, o Conselho da Europa adotou o tema final como hino oficial, e, em 1985, ele se tornou o Hino da União Europeia. Em 1989, a Nona voltou ao centro das atenções ao ser executada durante a celebração da queda do Muro de Berlim, tornando-se um emblema de liberdade e reconciliação.
Com sua mensagem de humanidade, união e esperança, a Nona Sinfonia promete marcar o encerramento da temporada 2025 da Filarmônica UFRN como uma celebração única da música e de seu poder de transformar. Uma noite imperdível para o público potiguar.
Para o maestro André Muniz, a apresentação representa mais que o encerramento de uma temporada. “Executar a Nona Sinfonia de Beethoven é sempre mais do que programar uma obra-prima, é envolver-se com um marco da civilização ocidental”, afirma. Segundo ele, a escolha da obra busca oferecer ao público uma visão de futuro pautada em valores que ultrapassam o campo estético. “Acredito firmemente na força transformadora da coletividade. A Nona é um momento em que Beethoven transpõe limites e inaugura uma nova forma de pensar o humano na arte”, destaca.
Muniz destaca ainda a atualidade da mensagem expressa no movimento final. “O último movimento não é apenas um hino à alegria, é um chamado à solidariedade, à convivência e à capacidade humana de superar rupturas”, observa. O maestro acrescenta que a obra sintetiza dilemas fundamentais da música e da vida. “A Nona concentra tensões entre ordem e liberdade, entre a tragédia e a esperança, trazendo a individualidade que só encontra sentido quando se une ao coro”, pontua.
O maestro finaliza ressaltando o significado do encerramento da temporada Filarmônica UFRN com o espetáculo, tendo em vista o papel social e cultural que desempenha no Estado. “Encerrar a temporada com a Nona significa celebrar a comunidade, a partilha e a potência criativa de Natal”, afirma. Ele lembra que, mesmo sendo uma orquestra acadêmica, a Filarmônica ocupa posição de destaque na vida cultural da cidade. “Procuramos unir, inspirar e elevar. Ao interpretar a Nona, queremos renovar esse desejo de fraternidade universal e convidar o público a viver conosco essa experiência simbólica e vibrante”, conclui.

