O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda estava em viagem – de lua de mel com a opinião pública à Indonésia – quando afirmou que os traficantes “são vítimas dos usuários”, ao comentar o combate às drogas.
“Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também”, disse.
O gesto gerou forte reação da oposição, que acusou o chefe do Executivo de relativizar o crime organizado.
Ontem à tarde, em Belém do Pará, ele voltou ao front da liberdade de opinião, onde as impressões das pesquisas internas não têm vez e soltou mais um sincericidio, avaliando como “desastrosa” e “uma matança” a megaoperação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos.
Ele argumentou que a ordem emitida era para prisões, e não para matar, e defendeu a participação da Polícia Federal nas investigações.
Não era a linha de comunicação adotada pela equipe de Comunicação de um presidente rumo à reeleição em 2026.
NATÁLIA CÁ FAZ O MESMO
O Rio Grande do Norte não teve operações desastrosas, nem está no pódio do crime organizado do Brasil. Mas tem uma das estrelas do Partido dos Trabalhadores como esperança de renovação num partido com inegável escassez de juventude conectado com a nova política. Das redes e das ruas.
A deputada federal Natália Bonavides, em seu segundo mandato na Câmara Federal e candidata de performance surpreendente nas eleições para Prefeitura de Natal em 2024.
O currículo dá responsabilidade extra a potiguar de sorriso fácil e alvo reiterado dos adversários da extrema direita. Mas fornecer munição e argumentos não parece o melhor caminho de uma política de futuro promissor.
Mas foi o que ela fez quando participou de manifestações em Natal (RN) com protesto em frente ao shopping Midway Mall no dia 31 de outubro.
Na ocasião, um grupo organizado pediu publicamente o fim da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, com gritos como “não acabou, tem que acabar: eu quero o fim da Polícia Militar”.
A participação da parlamentar foi alvo de críticas de associações de policiais, que consideraram o ato ofensivo à corporação que arrisca a vida na segurança pública.
POLARIZAÇÃO DA SEGURANÇA É DERROTA PARA TODOS
O alinhamento entre o discurso de Lula — que chamou a operação de “matança” e sugeriu que o Estado havia falhado — e o protesto em Natal marca uma crescente polarização no debate sobre segurança pública e o papel das forças de segurança.
De um lado, o governo federal questiona táticas de letalidade; de outro, parlamentares e categorias policiais denunciam o que consideram enfraquecimento institucional.
A tensão política, portanto, ganha contornos simbólicos e operacionais, com ambas as partes disputando legitimidade para tratar da ordem pública.
PESQUISAS MOSTRAM O LADO DA POPULAÇÃO
A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre rendeu o quarto maior volume em publicações e engajamentos nas redes sociais. De acordo com o estudo divulgado pela revista Veja, foram 213 mil menções, com 529 milhões de alcance (pessoas que foram impactadas pelos posts), sendo que 87% das publicações foram negativas e apenas 13% positivas.
O NOVO E O VELHO JUNTOS NO ERRO
Muitos justificam as gafes do presidente Lula como excessos e falta de controle frequentes em pessoas com a idade avançada, mas o que dizer da deputada Natália que tem menos da idade do líder maior. Até agora nenhuma palavra de reconhecimento à importância da Polícia Militar do seu estado? O que justifica?
Não precisa ser estudioso para perceber e enxergar de qual lado a população está. Ignorar e afrontar esse sentimento parece ir além da desconexão política, beira uma operação kamikaze com objetivo e rotas ainda desconhecidos.
