Moradores, trabalhadores e empresários de Ponta Negra, em Natal, participaram de uma audiência pública para apresentar sugestões à prefeitura sobre o projeto de requalificação da orla da praia mais famosa da capital potiguar.
O encontro foi realizado nesta sexta-feira (31) e reuniu representantes da comunidade, do poder público e do setor econômico ligado ao turismo. O projeto deve englobar a reforma do calçadão e demais estruturas da praia após a engorda concluída no início deste ano.
Com cartazes nas mãos, pescadores e moradores da Vila de Ponta Negra defenderam a preservação dos espaços tradicionais da comunidade e a participação popular nas decisões sobre o futuro da praia. Entre eles, o pescador Armando dos Santos, que criticou a falta de diálogo com a população local no processo da engorda.
“Desde do princípio a gente não foi ouvido e sempre quando querem fazer uma obra a gente não vê transparência. A gente está com um cuidado muito grande, sim, de perder cada vez mais os nossos espaços, porque há mais de 30 anos a gente vê os nossos espaços sendo retirados pelos grandes empreendimentos”, afirmou.
A aposentada Neves Valentim, moradora há três décadas no bairro, destacou a importância de ouvir quem vive e trabalha na região.
“A sugestão que eu tenho é que a prefeitura faça escutas, né? Porque a gente precisa escutar as pessoas que moram aqui, que vivem aqui, que sobrevivem da praia, elas precisam ser escutadas para que se possa construir opções que realmente sejam sustentáveis”, defendeu.
De acordo com o secretário municipal de Parcerias, Concessões, Empreendedorismo e Inovação, Arthur Dutra, o debate não trata da engorda da praia, mas da área urbana entre o calçadão e as ruas de acesso.
“A engorda é monitorada periodicamente pela prefeitura e pela Funpec. Aqui, especificamente, o grupo trabalha para discutir o projeto de urbanização e paisagismo da faixa da orla. Esse é o primeiro momento de escuta, não termina agora. Teremos novas audiências e reuniões segmentadas”, explicou o secretário.
De acordo com ele, o projeto deverá seguir algumas diretrizes, como aumento das áreas de “caminhabilidade”, sombreamento, e conforto térmico, acessibilidade universal, além de aspectos ambientais, culturais, sociais, respeitando também a topografia da praia.
O projeto definitivo da requalificação será escolhido por meio de um concurso público nacional de arquitetura e urbanismo. Segundo Luciano Barros, coordenador do concurso, a modalidade garante transparência e diversidade de ideias.
“O concurso é a forma mais democrática de escolher um projeto arquitetônico e urbanístico para áreas públicas. A gente deverá receber propostas de todo o país e uma comissão de alto nível vai escolher as melhores soluções”, afirmou.
“No termo de referência vão estar todas as necessidade, vão estar todos os quereres dos cidadãos, o que é que se almeja para o futuro da cidade através daquele projeto”, pontuou.
O setor hoteleiro também participou do encontro. Para o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Rio Grande do Norte (ABIH-RN), José Odécio, o projeto deve integrar turismo e comunidade.
“A gente espera que as infraestruturas que sejam criadas sejam de qualidade, porque se trata de um ambiente de praia e a gente sabe que se fizer com infraestruturas não adequadas isso acaba em pouco tempo. As concessões têm que ter responsabilidade, por parte daqueles que receber, de cuidar também da praia, para que, com isso, a gente consiga criar um ambiente atrativo para todos”, defendeu.
A prefeitura ainda não definiu a data da próxima audiência pública sobre o projeto.
*Com informações de G1 RN

