Entre os efeitos do tarifaço que Donald Trump impôs a produtos brasileiros desde agosto, as exportações de café nacional mudaram seus destinos. Em setembro, a Alemanha se tornou o principal destino do produto. E a Colômbia, país produtor de café, aumentou em 567% a compra do café brasileiro, tradicional concorrente.
Os dados fazem parte do relatório de setembro do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), divulgado nesta sexta (24).
Os efeitos do tarifaço de 50% imposto pelos EUA sobre os cafés brasileiros levaram a uma expressiva retração de 52,8% nas compras americanas, em comparação com setembro de 2024, abrindo espaço para a Alemanha assumir a liderança entre os principais destinos das exportações brasileiras do mês.
No quadro global, as exportações dos Cafés do Brasil totalizaram 3,75 milhões de sacas de 60 kg em setembro, o que representa queda de 18,4% em relação às 4,6 milhões de sacas vendidas no mesmo mês do ano anterior. A despeito da redução no volume, a receita cambial aumentou 11,1%, alcançando US$ 1,37 bilhão.
A exportação de café da espécie arábica (Coffea arabica) foi responsável por 79% do volume total, ao atingir 2,96 milhões de sacas. A espécie Coffea canephora (café conilon e robusta), com 489,68 mil sacas, alcançou 13% de participação, enquanto o café solúvel representou 8% do total, com o equivalente a 290 mil sacas exportadas.
No período, os dez principais destinos dos Cafés do Brasil são, em ordem decrescente:
• Alemanha com 654,6 mil sacas, que correspondem a 17,5% do total vendido no período
• Itália, com 334,65 mil sacas importadas (8,9%)
• Estados Unidos, com 332,83 mil sacas importadas (8,9%)
• Japão, com 219 mil sacas (5,8%)
• Bélgica, com 185,11 mil sacas (4,9%)
• Holanda, 150,93 mil sacas (4,3%)
• Turquia, com 150 mil sacas compradas (4%)
• Espanha, com 142,37 mil sacas compradas (3,8%)
• Colômbia, com 107,28 mil sacas compradas (2,9%)
• Canadá, com 106,93 mil sacas compradas (2,9%)
Colômbia, 567% a mais
A Colômbia é o destaque do período. Após um aumento muito expressivo de 567,66% na comparação com setembro de 2024, o segundo maior produtor mundial de café da espécie arábica estreou na relação dos dez maiores compradores do produto brasileiro. Na comparação com o acumulado de janeiro a setembro do ano passado, as compras da Colômbia aumentaram 42,6%
Vale destacar também o desempenho dos cafés diferenciados no atual ano civil, mais precisamente de janeiro a setembro de 2025. Os cafés diferenciados, que são aqueles que apresentam qualidade superior ou certificados por práticas sustentáveis, representaram 20,3% das exportações totais do País (43,09 milhões de sacas de 60kg), com 5,91 milhões de sacas e US$ 2,51 bilhões de receita. Os Estados Unidos seguem líderes nesse segmento, com 987,5 mil sacas, seguidos de Alemanha (825,6 mil) e Bélgica (667,8 mil).

