Luís da Câmara Cascudo
Luís da Câmara Cascudo, nasceu em Natal/RN no dia 30 de dezembro de 1898, foi escritor, professor, historiador e mestre em história, sociologia, etnografia e folclore. Foi também um dos fundadores da Aliança Nacional Libertadora (ANL).
Sua infância foi marcada por fatos singulares. O Padre João Maria batizou-o de “o santo de Natal”, sendo seus padrinhos o ex-governador Ferreira Chaves e sua esposa D. Alexandrina. Morando na rua das Virgens, bairro da Ribeira, embalou-o ao colo, certo dia, a poetisa Auta de Souza, amiga de sua mãe, e o jovem Cascudinho desfilou no carnaval em um carro alegórico do poeta Ferreira Itajubá.
O cantador Fabião das Queimadas era hóspede habitual de seu pai, Francisco Cascudo, o ex-coronel do Batalhão de Segurança, que deixou a vida militar para enriquecer no comércio.
Henrique Castriciano, secretário de Estado, poeta, jornalista, fundador da Escola Doméstica de Natal, foi grande amigo e orientador cultural do adolescente Cascudo.
Único sobrevivente de uma família de quatro irmãos, os outros três vitimados ainda na primeira infância pela difteria (infecção bacteriana grave que dificulta a respiração), Cascudo foi uma criança muito enclausurada, os pais resguardando-o de tudo que representasse perigo à sua saúde. Depois de algumas viagens a passeio pelo interior do Rio Grande do Norte e da Paraíba, Cascudo passou a morar na Vila Amélia, entre as ruas Apodi e Jundiaí e as avenidas Campos Sales e Rodrigues Alves, em Natal.
Em 1918 ingressou no jornalismo como redator e diretor de “A Imprensa”, jornal fundado pelo seu pai em 1914 e que duraria até 1927. Em 1918 resolveu estudar medicina e viajou para a Bahia, onde ficou até 1921, quando retornou de vez a Natal porque os negócios do pai não iam bem e o futuro médico não conseguiria ser um analista com laboratório como planejara.
Passou então a lecionar em colégios e cursos particulares da Capital. Em 1924 matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife, com frequência de três meses por ano, terminando o curso em dezembro de 1928. Confessou que sua “festa de formatura” foi a viagem de Mário de Andrade a Natal para pesquisar e documentar as danças folclóricas norte-rio-grandenses, onde ficou de dezembro de 1928 a fevereiro de 1929.
Em 1928, o governador Juvenal Lamartine nomeou-o professor do Ateneu Norte-rio-grandense e ele oficializou o compromisso de noivado com a senhorita Dália Freire, que foi sua companheira de 57 de vida comum, em decorrência do casamento em 1929. Ainda jovem exerceu por algum tempo o cargo de Secretário do Tribunal de Justiça do Estado. Em 1951, o governador Sylvio Pedroza nomeou-o professor de Direito Internacional Público da Faculdade de Direito de Natal, cargo no qual viria a se aposentar.
Cascudo foi simultaneamente professor de nível médio e superior, jornalista, consultor jurídico do estado, escritor, historiador, folclorista, etnógrafo, memorialista e orador de recursos inesgotáveis. Foi um sábio no sentido estrito da palavra e, embora “um provinciano incurável”, na feliz definição de Afrânio Peixoto, é o maior orgulho do Rio Grande do Norte.
Luís da Câmara Cascudo faleceu em Natal/RN no dia 30 de julho de 1986.
Com informações livro: 400 Nomes de Natal – Coleção Natal 400 Anos.
Foto: Carlos Lyra
Pesquisa e edição: Ricardo Tersuliano – Historiador Independente – Colaborador do Jornal Diário do RN.