VENÂNCIO PINHEIRO, UMA HISTÓRIA DE ARTE E RESISTÊNCIA
Biografia e raízes
Nascido em Natal, em 18 de maio de 1956, Venâncio Pinheiro Barbosa cresceu cercado pelas tradições culturais potiguares. Filho de Mário Félix Barbosa e Isabel Pinheiro Barbosa, herdou da família a sensibilidade para a arte e o olhar curioso sobre o mundo. Hoje, aos 69 anos, residente em Natal, construiu uma trajetória marcada pela versatilidade: artista multimídia, educador, gestor público e presença ativa em movimentos culturais.
O ofício de ilustrar


Poucos refletem sobre a complexidade do trabalho de um ilustrador de jornal. A rotina começa pela leitura de textos que podem ser herméticos, acadêmicos ou experimentais. Cabe ao artista decifrá-los e criar imagens que dialoguem com o conteúdo, sem ser redundante nem se afastar do tema. O desafio está em encontrar o ponto de equilíbrio entre fidelidade e criatividade. Venâncio domina essa tarefa: suas ilustrações unem rigor ao texto e uma assinatura pessoal inconfundível.
Talento e inventividade
O jornal impresso impõe obstáculos: ausência de cores, papel poroso, contraste limitado e, sobretudo, a pressa da redação. Para Venâncio, essas restrições são estímulos. Seu preto-no-branco carrega dinamismo e atualidade, ultrapassando os limites técnicos da impressão. Com traços ágeis e inventivos, não apenas acompanha os textos, mas os amplia, transformando páginas em espaços de expressão artística.
Associações e participação cultural
Sua atuação vai além da produção. Entre 1987 e 1991, presidiu a Cooperativa de Artistas de Natal (Cooarte). De 1990 a 1994, esteve à frente da Associação de Artistas Plásticos do RN. Em 1994, integrou o Conselho de Cultura de Natal, pela Funcart, e entre 2004 e 2008 fez parte do Conselho de Cultura da lei Câmara Cascudo. Experiências que consolidam sua postura de articulador e líder no meio cultural.
Publicações e obras
Sua trajetória também se expressa em publicações e exposições. Lançou Almanaque do Beco (cartões postais), Reciclador de Imagens (ilustrações para jornais), Natureza & Tecnologia (álbum de arte) e Estado Líquido da Dor (cartazes-poemas). Participou da exposição Adão e Eva, na Espanha, e teve trabalhos divulgados na Revista DOC’s, da França. Produções que revelam amplitude de linguagem e alcance internacional.
Educação e voluntariado
Venâncio também é educador. Atuou como oficineiro e instrutor em iniciativas sociais, como o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua (2000-2006) e o projeto Rádio Saúde no Ar (2002-2005). Entre 1995 e 1999, foi arte-educador em Icapuí (CE). Além disso, integrou comissões julgadoras de festivais de teatro, salões de arte e carnavais, fortalecendo tanto a cultura popular quanto a erudita.
Gestão pública e cenografia
Sua experiência inclui cargos na gestão pública: assessor de comunicação em Icapuí (1995-1999) e em Grossos (2000-2004), diretor da FM Educativa de Icapuí, coordenador da Fundação Cultural Chico Bagre e assessor parlamentar da Câmara de Natal. Entre 2008 e 2010, dirigiu o Complexo Gráfico Manimbu, da Fundação José Augusto. Hoje, é coordenador da Casa de Mídia e diretor artístico da Rádio Insubmissa. Na cenografia, deixou sua marca nos carnavais de Icapuí e Natal, no Festival da Lagosta e em projetos do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular.
Um artista indispensável
Com traço preciso e criatividade ilimitada, Venâncio Pinheiro Barbosa reafirma a importância da ilustração como linguagem que não apenas acompanha, mas engrandece o texto. Sua vida traduz dedicação às artes, à cultura e à comunidade, tornando-o uma figura indispensável para a história cultural potiguar.
FONTE: Informações repassadas pelo artista e do texto: “Preto-no-branco de Venâncio”, do professor Eládio Barbosa.