Setembro Amarelo é o mês dedicado à conscientização e prevenção do suicídio. Em 2025, o debate ganha força com o reconhecimento do burnout como doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde no Brasil. O esgotamento físico e emocional relacionado ao trabalho vai além da produtividade: pode ser um fator de risco para ideação suicida, especialmente quando associado à depressão e à ansiedade.
A psicóloga clínica e neuropsicóloga Candice Galvão, com mais de 10 anos de experiência no atendimento de pessoas com transtornos emocionais, alerta para essa relação direta. “O burnout é silencioso e muitas vezes negligenciado, tanto por empresas quanto pelos próprios trabalhadores. Mas quando o cansaço se transforma em desesperança e a pessoa sente que perdeu o sentido do que faz, o risco de pensamentos suicidas aumenta consideravelmente”, explica a especialista.
Os números reforçam a gravidade do tema: no Brasil, cerca de 30% dos trabalhadores apresentam sintomas de burnout, segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt). Um estudo com profissionais de saúde durante a pandemia apontou que mais da metade apresentava burnout clínico, e 8% relatavam ideação suicida. Globalmente, pesquisas indicam que até 66% dos trabalhadores relatam algum nível de burnout, e uma meta-análise recente mostrou correlação significativa entre esgotamento emocional e pensamentos suicidas.
Para Candice, a prevenção deve atuar em três frentes:
- Autoconhecimento, identificando sinais de alerta como irritabilidade, insônia e sensação de incapacidade;
- Redes de apoio, dentro e fora do ambiente de trabalho;
- Busca por ajuda profissional, especialmente quando os sintomas vão além do desgaste cotidiano.
“Setembro Amarelo é um convite para quebrar o silêncio. Falar sobre suicídio é delicado, mas necessário: abre espaço para acolher, ouvir e caminhar junto. Reconhecer o burnout como um problema sério de saúde mental é fundamental para reduzir os impactos que ele pode gerar”, reforça a psicóloga.
Se você ou alguém que você conhece está enfrentando um momento difícil, procure ajuda. O CVV (Centro de Valorização da Vida) atende gratuitamente pelo telefone 188 ou pelo site cvv.org.br.
Sobre Candice Galvão
Candice Galvão é psicóloga clínica e neuropsicóloga, com mais de uma década de experiência no cuidado à saúde mental. Atua com foco em prevenção, acolhimento e tratamento de transtornos emocionais, sempre com uma abordagem acessível e humana. Além da prática clínica, compartilha conteúdos educativos e reflexões sobre bem-estar psicológico em seu perfil no Instagram: @candicegalvaopsicologia.