KELLINE LIMA: ENTRE RENDAS, MANDALAS, MEMÓRIAS E ARTE CONTEMPORÂNEA
RAÍZES FAMILIARES E PRIMEIROS PASSOS
Nascida em Natal, em 27 de maio de 1973, Kelline Christine de Lima cresceu em um ambiente familiar que já respirava sensibilidade artística. Filha de Carlos Alberto de Lima (conhecido como Carlão) e de Terezinha Paulino de Lima, cujo nome batiza uma escola na Zona Norte da capital potiguar, a artista desde cedo manifestou inclinação para o desenho e as artes, traçando os primeiros esboços de uma trajetória que hoje se consolida como referência na cena cultural do Rio Grande do Norte.
FORMAÇÃO E MÚLTIPLAS LINGUAGENS
Sua formação é ampla e plural: licenciada em Música (2011) e especializada em Educação Musical (2012), Kelline também conquistou licenciatura em Artes Visuais (2017), todas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Essa multiplicidade de linguagens reflete-se em suas criações, que transitam entre música, pintura, fotografia, design de joias e artesanato.
O UNIVERSO DAS LINHAS E SÍMBOLOS


Na produção plástica, as linhas sinuosas e orgânicas de suas obras revelam arquétipos do feminino. As séries de mandalas e de rendas de bilro, realizadas com técnicas que vão da caneta Posca branca sobre papel à pintura acrílica sobre MDF, apresentam uma gramática visual própria. A artista explora símbolos de permanência e impermanência, silêncio e meditação, construindo narrativas visuais que evocam espiritualidade, memória e introspecção.
ENTRE RENDAS E MANDALAS
Um de seus conjuntos mais expressivos é a série de rendas, que dialoga com a tradição portuguesa introduzida no Brasil no século XVI. Ao transformar o gesto da rendeira em traços sobre o papel, Kelline reinventa o passado sem abrir mão da contemporaneidade. Já as mandalas, com sua simetria radial e força meditativa, conectam-se a arquétipos universais presentes no hinduísmo e no budismo, traduzidos aqui em composições de grande delicadeza e rigor estético.
CIRCUITO ARTÍSTICO E RECONHECIMENTO
Sua inserção no circuito artístico se consolidou por meio de participações em salões e coletivas de relevância. Destacam-se os Salões Dorian Gray de Arte Potiguar, em Natal e Mossoró, a exposição comemorativa aos 60 anos da UFRN e mostras em cidades do interior, como Currais Novos. Kelline também esteve presente em iniciativas acadêmicas e culturais da própria universidade, seja como artista convidada, seja como curadora de exposições.
OBRAS DE DESTAQUE
Entre os trabalhos que ganharam notoriedade estão peças como Raízes I e Raízes II (2019), elaboradas em pastel seco sobre papel, além de retratos sensíveis como Frida Azul e Marielle (2018), que reafirmam sua capacidade de transitar entre o figurativo e o simbólico.
DIÁLOGO E COLETIVIDADE
Outro marco importante em sua carreira é sua participação no GUAP – Grupo Universitário de Aquarela e Pastel da UFRN, coordenado pela professora Verônica de Lima. Nesse coletivo, a artista encontrou um espaço fértil para aprofundar pesquisas e compartilhar experiências com outros criadores potiguares, fortalecendo ainda mais sua presença no meio artístico.
MÚSICA E LIDERANÇA CULTURAL
A artista também exerceu papéis de liderança no universo musical, atuando como diretora da Ordem dos Músicos do Rio Grande do Norte e do Sindicato dos Músicos do estado. Sua vivência como coralista, arquivista e copista da Orquestra Sinfônica reforça a amplitude de sua atuação, sempre marcada pelo diálogo entre linguagens e pela crença no poder transformador da arte.
ENTRE TRADIÇÃO E CONTEMPORANEIDADE
Kelline Lima, portanto, é uma artista que soube transformar tradição em linguagem contemporânea, entrelaçando o silêncio das rendas e a energia meditativa das mandalas com sua própria trajetória de mulher, educadora e criadora. Sua obra é testemunho de como a arte pode se reinventar, mantendo-se fiel às raízes e, ao mesmo tempo, aberta ao diálogo com o novo. Fonte de Pesquisa: Dados repassados pelo professor aposentado da UFRN, Marcio de Lima Dantas e pela própria artista.