Manoel Gomes de Medeiros Dantas
Manoel Dantas nasceu na cidade de Caicó (RN), em 26 de abril de 1867, e faleceu em Natal no dia 15 de junho de 1924. Foi jornalista, professor, advogado, escritor e fotógrafo, tendo documentado o Natal de sua época. Dá nome a uma rua no bairro de Petrópolis, bem como a escolas estaduais em Natal e em Santo Antônio (RN). Sem sombra de dúvidas, Manoel Dantas é um dos maiores nomes da história do Rio Grande do Norte.
Pseudônimo: Braz Continente
Homem de múltiplos talentos, Manoel Dantas foi, acima de tudo, jornalista. Segundo Juvenal Lamartine, tratava-se de “a mais completa organização jornalística que o Rio Grande do Norte já possuiu”.
Muito jovem, animado pelo ideal republicano, fundou em Caicó o jornal O Povo, que circulou de 1889 a 1892. Formado em Direito pela Faculdade do Recife, em 1890, lançou-se na vida pública, exercendo inicialmente os cargos de promotor público nas comarcas de Jardim do Seridó e Acari.
Em seguida, nomeado juiz substituto seccional (1891), coube-lhe a tarefa de instaurar a Justiça Federal no Estado. Por dois anos, esteve no exercício do cargo de juiz seccional.
Deixando a magistratura, foi sucessivamente: diretor da Instrução Pública (1897–1905), tendo, em sua gestão, introduzido o ensino profissional agrícola; deputado estadual (7ª legislatura, 1907–1909, renunciando ao mandato); procurador-geral do Estado (1908–1910); novamente diretor da Instrução Pública (1911–1924) e, por fim, membro da Intendência de Natal. Foi eleito pelos seus pares, em 30 de março de 1924, presidente do Governo Municipal, conforme o preceito constitucional vigente à época.
No jornalismo, as atividades de Manoel Dantas foram intensas. Além do jornal já citado, fundou, juntamente com Oliveira Santos, em 1º de julho de 1893, o Diário de Natal, primeiro jornal diário surgido no Rio Grande do Norte. Um ano depois, criou O Estado, semanário político que circulou até março de 1895.
Durante longos anos, integrou a redação de A República, órgão do partido situacionista estadual, cuja direção assumiu por duas vezes: de 1900 a 1908 e de agosto de 1923 até a data de seu falecimento. Antes disso, já havia colaborado com diversos jornais políticos da província.
Um fato relevante em sua trajetória jornalística foi a tradução e publicação do Manifesto Futurista de Marinetti, em 1909 — um marco de modernidade para a imprensa norte-rio-grandense.
Como professor, Manoel Dantas destacou-se pelos métodos inovadores que adotava em suas aulas de Geografia, no Ateneu. Foi o primeiro mestre a ministrar lições de lavoura mecânica, promovendo conceitos como adubação das terras, seleção de sementes, rotação de culturas e mecanização dos trabalhos no campo.
Outras facetas de Manoel Dantas incluem sua atuação como advogado, autor de estudos jurídicos, e como pesquisador pioneiro nos campos da etnografia e do folclore. Era também fotógrafo e colecionador de imagens de interesse histórico e biográfico.
Obras:
Sua produção literária ficou, em grande parte, dispersa em jornais de Natal, notadamente em A República. Parte desses textos foi reunida postumamente no livro “Momentos de Outrora”, publicado pela Irmãos Pongetti Editores, no Rio de Janeiro, em 1941.
Um trabalho especialmente interessante — ainda hoje muito citado — é a conferência “Natal daqui a cinquenta anos”, proferida no salão nobre do Palácio do Governo, em 21 de março de 1909 (cf. FIJA/Seção Vermelho, Natal, 1996).
Com informações e imagem livro 400 Nomes de Natal – Coleção Natal 400 Anos.
Pesquisa e edição: Ricardo Tersuliano – Historiador Independente – Colaborador do Jornal Diário do RN.

